A Dona do Pedaço

Feeds RSS
Feeds RSS

domingo, 22 de setembro de 2019

O Feitiço da Eternidade


Cap. 12
O Feitiço da Eternidade


- Lelouch, C.C.! – Suzaku sorri ao dar passagem para seus convidados – Até que enfim chegaram! Entrem! Sintam-se em casa!
- Obrigada. – C.C. entra primeiro na sala para que Lelouch cumprimente o amigo.
- C.C., Lulu! – Euphemia surge da cozinha andando depressa até a porta, e é a vez das moças se abraçarem – Que bom ver vocês. Estávamos ansiosos pra ouvir as novidades.
- Venham, vamos nos sentar! – o Kururugi guia o casal até um dos sofás da casa e senta ao lado da esposa, de frente para os recém-chegados – Então, como foi a lua de mel?
- Ótima. – o Lamperouge se pronuncia, apoiando o braço direito no encosto atrás da companheira – Tentamos aproveitar ao máximo antes de voltar para os negócios. Aliás, como vai a doceria de vocês? Estava lucrando bastante desde a última vez que contaram.
- E continua. Com o dinheiro que juntamos, agora dá para abrir uma floricultura. E a Euphe vai poder se distrair e parar de reclamar.
- Ah, você quase não me deixa fazer mais nada! Eu preciso me distrair com algo!
- Eu te entendo. Lelouch também se preocupa com qualquer trabalho que eu faço, mesmo dizendo a ele que ser a secretária do presidente de uma empresa iniciante no ramo da hotelaria não demanda tanto esforço quanto imagina.
- As coisas estão puxadas no serviço agora, justamente porque a empresa que nós abrimos é nova no mercado. Sem contar que eu não confio muito nos empregados novos responsáveis pela mansão. Prefiro que não fique perto deles.
- Você não precisa monitorar cada passo meu só porque eu escorreguei uma vez no piso liso do salão. Estavam limpando e eu me distraí. Além do mais não teve queda.
- E como eu posso confiar que eles vão cuidar bem de você na minha ausência se nem conseguem fazer o serviço na hora certa? Terem te segurado não apaga o fato daquele chão estar molhado no momento mais inconveniente do dia: a hora do almoço.
- Concordo. – seu amigo acena com a cabeça – É um horário bem movimentado.
- Pelo amor de Deus!... – Euphemia revira os olhos – De qualquer forma, é bom que vocês estejam se dando bem no trabalho. A ideia de abrir uma empresa com a fortuna do falecido Corabelle antes de se casarem, confesso, me pareceu arriscada.
- Justamente por isso preferimos não estender muito a nossa viagem.
- Mas eu ainda vou querer um complemento por desistir disso. – C.C. informa com uma expressão firme no rosto, observando pelos cantos dos olhos o marido sorrir de lado.
- E a Nunnally, como está indo? – a senhora Kururugi continua a conversa – Soube que finalmente começou a estudar administração.
- Sim. Agora que estamos morando todos juntos e a condição financeira melhorou, ela tem a chance de entrar em uma boa faculdade. Eu penso em fazer isso em breve.
- Um curso de economia seria bom para o primeiro aluno da nossa turma. – Suzaku sugere, fazendo todos darem uma leve risada conjunta – E como vai o bebê?
- Está ótimo. – a senhora Lamperouge toca sua barriga de quatro meses, ainda pouco crescida – Na viagem, Lelouch e eu pensamos nos nomes e decidimos ficar com Satori.
- É um bonito nome. – Euphe também afaga seu ventre proeminente – Aposto que ele se dará muito bem com a nossa Liliane. Talvez até se casem no futuro.
- Euphe, as crianças ainda nem nasceram. Não coloque a carruagem na frente dos cavalos. – enquanto sua esposa infla as bochechas em aborrecimento, o outro casal ri.
- Engraçado. Eu tenho a impressão de já ter ouvido esse ditado, mas de uma maneira diferente. Bom... Vamos C.C.? – seu marido levanta e estende a mão para que ela pegue.
- Mas já? – ela reclama, mesmo aceitando a mão e sendo puxada com cuidado.
- Sim! Vocês já vão? Acabaram de chegar! – a outra mamãe protesta, ficando de pé com a ajuda de Suzu para acompanhar as visitas até a porta.
- Só viemos dar um “oi”. Precisamos descansar para o trabalho amanhã. – Lelouch explica ao abrir a porta, dando passagem para sua amada.
- Tudo bem. Mas nós esperamos uma visita mais longa em breve! – Suzaku alerta – De preferência antes de nos encontrarmos na maternidade. Nos mantenham informados.
- Pode deixar! – C.C. responde, inesperadamente puxando o cônjuge até a calçada e fazendo sinal para um táxi – Vamos logo Lelouch!
- O que aconteceu? Por que de repente você ficou tão ansiosa?
- Eu me lembrei que quanto mais cedo nós chegarmos em casa, mais tempo teremos para nos divertirmos. – ela o fita sugestivamente, passando a língua sobre os lábios.
- Pelo amor de Deus, mulher! Nem a gravidez interrompe seu apetite sexual?!
- Não. Na verdade, acho que meu estado atual fez ele aumentar. Isso te incomoda?
- Não realmente, mas... – o constrangido Lamperouge olha para os lados e sussurra – Nós gastamos quase todo o tempo da lua de mel trancados no quarto.
- Você me prometeu uma compensação por voltarmos mais cedo da lua de mel.
- E se eu mandar servirem pizza no menu da cafeteria da empresa?
- É um bom começo, mas eu preciso de mais. E nem adianta reclamar, porque casou comigo sabendo que eu não me sacio facilmente.
- Não entendo como você ainda tem tanto fôlego. Me deixe descansar um pouco.
- Tem certeza? Do momento em que eu estiver mais perto de ter o bebê até o final do período de resguardo, você vai é sentir saudade quando não puder me ter.

O homem analisa o argumento por alguns segundos, e ao encarar o sorriso malicioso dela de novo, ele acaba concordando e guiando-a depressa para dentro do veículo, o que a faz rir. Voltando à residência dos Kururugi, enquanto o casal se organiza para sair, o comerciante se aproxima da esposa e passa a mão em sua barriga.

- Nem acredito que já faz quatro meses. – os dois sorriem e trocam um beijo – Você está tão encantadora que eu não consigo parar de sorrir.
- Seu bobo! – Euphemia dá uma risada ao tocar os ombros dele, iniciando um abraço – Eu estou é ficando gigante. No momento, tenho muita inveja da C.C. O seu tempo de gestação é igual ao meu, e ela mal tem enjoo, indigestão ou cansaço. Na verdade, muito pelo contrário: ela tem energia de sobra para fazer compras e vai trabalhar de salto alto.
- Mas o Lelouch me confessou em segredo que ela está constantemente acabando com a comida na geladeira. – a dupla gargalha – Sinceramente, também estou com inveja dele. Pelas minhas contas, nós fizemos o bebê naquele dia, dentro da banheira, certo?!
- Não fale desse jeito! – Suzaku ri quando é estapeado no braço pela mulher corada.
- Bem, quando isso aconteceu, Lelouch e C.C. também estavam se divertindo. Nós estivemos tentando ter um filho há meses e ele conseguiu de primeira. Isso me aborrece um pouco. Será que o problema não era comigo?
- E por que o problema seria você? Melhor ainda: por que nós temos um “problema”? Se isso não aconteceu antes, não foi por falta de tentativas. – ambos sorriem em meio ao rubor envergonhado nas bochechas – Passamos por todas essas coisas porque precisava ser assim. Agora estamos felizes, também acompanhando a felicidade de todas as pessoas que amamos. Eu diria que o nosso ritmo é perfeitamente sincronizado.
- Tem razão. – o homem cola sua testa à da mulher – Quer testar esse ritmo agora?
- Ah não, não podemos! – ela o puxa pela mão em direção à entrada da casa – Nós temos que sair agora se quisermos visitar todas as opções de imóveis à venda selecionados pelo corretor. Do contrário, pode levar anos para abrir nossa floricultura.
- Isso não é exagero? – ele se inclina um pouco para deixa-la o vestir com o agasalho do cabideiro – Todos os dias aparecem imóveis à venda nas proximidades da doceria.
- Mas não é todo dia que estamos livres para vê-los, ainda mais com a chegada de uma neném. – ao ver o confiante sorriso feminino, o soldado se dá por vencido e a segue.

Meses mais tarde, enquanto Euphe está fazendo exercícios para grávidas sobre uma bola de pilates, movimentando-se conforme a indicação de uma treinadora na TV, uma contração súbita a pega de jeito. Ela toca a barriga e paralisa por um instante, até a dor se intensificar em menor intervalo de tempo, então seu marido é acionado. Suzaku surge na sala correndo como uma bala e lhe ajuda a se equilibrar, mas quando a amada fica de pé, sua bolsa rompe. Em pânico, o aflito papai liga para Lelouch e avisa sobre a situação.
Infelizmente, ele não pode dar qualquer apoio agora, porque durante sua degustação habitual de pizza, quando assistia ao seu programa de auditório favorito usando a barriga para apoiar um prato, C.C. também entrou em trabalho de parto. Nunnally faz questão de acompanha-los e segura a mão direita da cunhada durante o afobado percurso de carro até o hospital, gesto que o Kururugi reproduz com a esposa ao mesmo tempo em seu veículo.
Ele passa o caminho inteiro tentando copiar exercícios de respiração que aprendera nas aulas do curso para cuidar de recém-nascidos, do qual ambos participaram junto dos Lamperouge dias atrás, cercados por outros futuros pais e mães curiosos. Mesmo que esta ocasião, do nascimento de sua primeira filha e do primogênito do amigo, fosse melhor na sua cabeça sendo privativa, sem chamar a atenção pública, participar de eventos coletivos como aquele foi uma experiência divertida e instrutiva.
Apesar de serem obrigados a usar sutiãs de amamentação para aprender a alimentar uma criança na ausência da mãe, os dois papais passaram a respeitar suas mulheres ainda mais, pois no incômodo de vestir seios gigantes por alguns minutos, eles imaginaram o sofrimento das duas ao carregarem litros de leite em cada mama por vários meses. Enfim, chegando ao hospital, os dois amigos correm pra recepção e dão entrada ao mesmo tempo.
Depois de tomar um susto, escutando o grito conjunto de “ELA VAI DAR À LUZ; RÁPIDO!”, a enfermeira que passava pelo local reserva duas salas de cirurgia e aciona as médicas responsáveis pelas mulheres, selecionadas segundo a exigência dos maridos ciumentos. Apesar do nervosismo dos homens quase provocar sua expulsão dos aposentos cirúrgicos, sua permanência é autorizada a pedido das gestantes, que apertam suas mãos durante o momento de apoio. Minutos viram horas até a dilatação estar apropriada.
Entre onze da noite e uma hora da manhã, Liliane e Satori nascem saudáveis via parto normal. O menino não pesa mais do que 2,9 quilos. Já a pequena, a apressadinha, tem 3,3 quilos. O estado de saúde dos bebês é avaliado de imediato pelas equipes médicas. Posteriormente, quando as novas mamães são levadas às salas de descanso uma em frente à outra, amigos e parentes ansiosos das duas famílias, convocados ao local anteriormente, dão suporte com a mídia enquanto os pais conversam com suas amadas exaustas.
Ao recuperarem a força, cada mamãe recebe seu bebê nos braços e passa a alimenta-lo. O momento de alegria e cumplicidade almejado pelos dois casais finalmente ocorre, conforme observam as delicadas crianças serem amamentadas.

- Você foi incrível. – Suzaku sussurra no ouvido de Euphemia, acomodado em uma cadeira à sua direita – Uma verdadeira princesa guerreira.
- Nós dois fomos. – ela sorri com ternura – Não teria conseguido sem você.
- Não é o que eu penso. Você é muito forte Euphe. Eu estava desesperado. – a dupla ri – Porém estou contente por ter conseguido ficar do seu lado e te apoiar.
- Você sempre fez isso, então eu não tive razão para ter medo. Dar à luz não é uma experiência divertida, é verdade, e a gravidez é um processo complicado, mas... – ambos voltam a fitar sua filha – Eu faria tudo de novo, só para termos outro pedacinho de alegria.
- Então podemos começar a planejar nossos outros filhos?
- Tudo bem, talvez agora seja muito cedo ainda. – o par troca uma risada de novo, e enquanto isso, no quarto adiante, os outros recém-chegados ao mundo da criação infantil compartilham sua própria experiência; um tanto distinta da anterior.
- Não acredito que eu tive tanto trabalho para fazer esse garoto vir ao mundo e ele nasceu igualzinho a você. – Lelouch dá uma risada baixinha, sentado ao lado dela na cama.
- Pensei que gostasse do meu corpinho. Não sou mais atraente para você?
- Não é essa a questão. Mas agora você tem um concorrente. – C.C. dá um sorriso travesso e ri ao ver a expressão de falsa indignação do amado.
- Isso é péssimo! Talvez eu não consiga vencer dele, contudo vou brigar pela sua atenção. – ele apoia o braço esquerdo no travesseiro atrás da cabeça dela e segura o seu queixo com a outra mão – Sabe que sou persistente. – os dois riem e se beijam.

Mais tarde, com a autorização de visitas, os convidados entram nos quartos trazendo presentes e elogios, então o Lamperouge e o Kururugi aproveitam para trocar de lugar e averiguar a companheira e o recém-nascido um do outro. Depois que os bebês são levados para o berçário e os visitantes se retiram, as mulheres têm a chance de dormir, usufruindo do sono zelado por seus felizes companheiros, sentados em poltronas perto das camas.
De manhã cedo, na hora de ir embora, as mamães conseguem conhecer as crianças uma da outra e trocam mimos enquanto seus maridos preenchem fichas com informações sobre os filhos. Posteriormente cada casal vai para seu respectivo lar, visando apresentar o ambiente às novas vidas; apesar de ainda não terem aberto os olhos. O primeiro quarto de Liliane está decorado com muito rosa e branco entre as paredes repletas de desenhos.
Agitada, a pequena pega o indicador do papai quando é segurada nos braços, porém relaxa ao receber um beijinho na testa. No meio de ovelhas, gatos e outros bichos fofos, seja em forma de pelúcia, pintura ou mesmo pendurados no mobile musical giratório do berço, ela é posta em seu leito. Euphemia liga o brinquedo e a música suave, somada ao balanço dos passarinhos, faz a neném dormir em pouco tempo. Enquanto os casados se abraçam, Suzaku oferta outro beijo, desta vez na testa da esposa.

- Obrigado Euphe. Agora, além de você, eu tenho mais um grande tesouro.
- Ah Suzu...! – emocionada, a mulher recosta a cabeça em seu peito – Eu te amo.
- Eu também. – eles trocam um selinho – Vamos deixa-la dormir um pouquinho.
- Sim. Nós também precisamos relaxar. Por que não vemos um filme?

O seu marido concorda com a cabeça e os dois saem do aposento, deixando a porta semiaberta. Já na mansão, Lelouch aparece na entrada carregando uma enorme bolsa com materiais da mãe e do filho, que logo entrega para uma das novas criadas administrando o local. Os demais empregados admiram o recém-nascido nos braços da mãe até o quarto, tingido de tons claros e enfeitado com estrelas e bonequinhos do mascote Cheese, dados pela Pizza Hut como felicitações à sua melhor cliente.
O berço de Satori, posto entre a cadeira de balanço e a cômoda fraldário, está pronto para acomoda-lo; algo útil uma vez que ele chegou dormindo. Nenhum movimento de C.C., lhe depositando no colchão, ou som dos espectadores que jogam elogios, perturba seu sono. Quando, por fim, os serviçais se retiram, o pai consegue se aproximar do lugar.

- É normal ele ficar tão quieto? Quer dizer, bebês não deviam chorar o tempo todo?
- Até onde eu saiba, é muito comum. – a mamãe ri e passa a mão na cabecinha do pequeno – Então, o que acha do nosso bebê, Lelouch? – o genitor emite um sorriso.
- Ele é perfeito. – o casal se fita e sorri ternamente, deixando-a convencida.
- Eu sei. Satori é a prova viva que eu sou ótima para fazer bebês bonitos e fofos.
- Oh sim, e eu não tive nada a ver com isso?! Ele é a minha cara, não é?!

Ela não responde; somente dá uma última olhada na criança e cobre o berço com o mosquiteiro pendurado no mobile. O senhor Lamperouge acompanha sua amada até seu cômodo particular, e lá ambos tiram as roupas para colocar longos robes da cor cinza. Na atual circunstância, o recente empresário se sente aliviado ao perceber que a sua secretária não está tão preocupada com a aparência, se tem coragem de ficar nua na frente dele. Isso significa que em breve não será um problema retomarem o ritmo da sua intimidade.
Por outro lado, essa exibição gratuita de pele se tornará seu teste de autocontrole na quarentena. Neste instante, felizmente, o par consegue curtir um clima de tranquilidade sentado sobre a cama, em que Lelouch penteia o cabelo de C.C. enquanto ela estica, entre a mão esquerda e a boca, uma fita branca para prender os fios, estando parte deles sobre o seu braço direito erguido. Conforme reflete sobre sua vida, a senhora do lar fita o marido.

- Lelouch, eu nunca te perguntei isso, mas... Naquela época, quando nós estávamos brigados, por que você voltou para mim? – sorrindo com arrogância, o homem aproxima dos seus lábios o rosto da mulher, jogado para cima, e lhe beija demoradamente.
- Para onde mais eu iria? A culpa é sua se eu fui cativado pelo seu feitiço, bruxa.
- Neste caso, nós lançamos o encanto ao mesmo tempo, feiticeiro. Se responsabilize.

Fim... Ou Quase.

0 comentários:

Postar um comentário