A Dona do Pedaço

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domingo, 25 de outubro de 2015

Mudança de Direcionamento

Cap. 5
Mudança de Direcionamento


{Guilda Fairy Tail}

É hora do almoço e quase não há gente na guilda neste momento. Jellal entrou em total alienação ao resto dos magos, esperando poder comer alguma coisa quieto, mas foi acordado de seus devaneios ao constatar que Mirajane não estava ali. Kinana servia só a pequena porção de pessoas e nem ao menos reparara na sua chegada. Assim, quando ele já ia caminhar até ela e pedir que preparasse algo, uma mão o puxara para um canto.
Agora, o assustado rapaz se vê imprensado contra uma parede no corredor para a despensa, olhando diretamente nos olhos da namorada extremamente irritada e séria.

- Nós precisamos conversar. – ela anuncia estreitando os olhos e ele engole a seco.
- Ok... O que você quer conversar? – Erza bufa frustrada pela pergunta.
- Achei que admitiria logo o nosso problema! Está me irritando!
- Certo Erza, se acalme! – o mago pede acuado – De que problema está falando?
- Você! – a titânia começa a se exaltar, afastando-se e corando de nervosismo – O que está acontecendo Jellal? Você fugiu de mim a manhã toda, nós mal nos falamos! A Kagura e o Rogue até foram nos visitar, levaram um bolo, e quando eles perguntaram de você eu nem soube o que responder! Puxa... Eu fiz algo? Por que está me evitando?
- “Evitando”? – a sobrancelha dele levanta e logo um sorriso se abre em seu rosto – Oh não! Querida, você está entendendo tudo errado!
- Estou? Estou mesmo? Por que, sinceramente, não sei qual é a outra explicação! – ela pausa e suspira, olhando o vazio por um segundo até, de repente, bater com força a mão esquerda ao lado do namorado, assustando-o novamente – Alias, até sei, mas estou me recusando a acreditar que você seja louco o bastante para fazer isso.
- Heim? – os olhos dele se arregalam – Oh, pelo amor do Criador, Erza, você não acha que eu estou te traindo, acha?! Eu nuncafaria isso!
- É o que eu acho. – ela recua de novo – Você concordou que nós fôssemos morar juntos, porque era “impróprio um homem invadir um dormitório feminino e uma mulher fazer visitas íntimas frequentes ao namorado”. Eu também achei melhor porque não era minha intenção que você fosse preso, ou ouvir as outras pessoas me chamando de vadia, mas até agora tudo continua igual! Nossos amigos já devem pensar que eu me mudei só para podermos fazer amor todas as noites sem a interrupção das meninas do dormitório, quando de fato nem dormimos na mesma cama até hoje!
- Nã-não tinha vi-visto por esse ângulo. – ele reflete corado.
- Então, por que está se afastando de mim? – a moça cruza os braços.
- Co-como eu disse, fique calma! – o mago celestial levanta as mãos – Eu preciso que você fique absolutamente calma e confie em mim.
- Eu estou calma! – a voz dela sai pesada – Você tem um minuto. Anda, explica!
- Ok... Primeiro: eu não estou te evitando ou te traindo. Segundo: eu sinto muito... – o jovem observa a ruiva prender a respiração, como quem vai explodir de ansiedade – Sinto muito por ter te preocupado. E terceiro... Eu só estou estranho esses dias porque as coisas... Tem muitas coisas do passado passando na minha cabeça agora, sabe?!...
- E... Você não pode contar essas “coisas” para mim? – ela questiona quase rouca, sentindo o calor forte do rosto aumentando pelo aceno negativo dele – Entendi... – e em um fungar aborrecido, Erza sorri forçadamente – Tudo bem. Quando quiser conversar, é só me avisar, tá?! – e dito isso sai, sem olhar para trás, sussurrando determinada – Se eu não posso saber o que é, vou encontrar alguém pra me ajudar a descobrir.
...
Ao entardecer, a titânia retorna à guilda com um vestido simples, observando seu displicente namorado com a cara enfiada na mesa onde alguns casais amigos o rodeiam. Ela segue direto para o balcão, encontrando Gajeel de pé esperando Kinana anotar a sua solicitação de missão no caderno. Seu coração pula com a espalmada no ombro.

- E-Erza...?! – ele se vira sorrindo medrosamente para o sorriso amarelo dela.
- Olá Gajeel. Kinana, como vai?! – a moça tira os olhos rapidamente do papel.
- Muito bem, obrigada Erza. E você? Deseja alguma coisa?
- Oh não, eu não vou ficar na guilda por muito tempo. Eu resolvi ter uma noite de folga. Vou voltar pra casa, quem sabe preparar algo para o jantar...
- É mesmo? Que bom então. Faz bem descansar.
- Erza... – a Scarlet se volta para o dragão do ferro – Ainda está me segurando.
- Oh sim, desculpe. – ao invés de soltá-lo, ela aperta mais forte o ombro dele – Eu preciso falar com você. Tem um tempinho? – o Redfox não consegue dar uma resposta – Ótimo! Não vai demorar muito. Venha por aqui! – ele é arrastado para o jardim.
...
{Casa de Jellal e Erza}

Jellal acorda desnorteado. Sua cabeça pesa e os olhos quase não se abrem. Num impulso, ao sentar, ele percebe que está nu. Esta é uma informação nova e estranha, já que sempre dormira com, pelo menos, uma cueca. Somada a ela, outra aparece quando o mago vasculha o ambiente. Mesmo passando as mãos no rosto várias vezes, o cenário se mantem o mesmo: desconhecido. Ou nem tanto... Ele recorda de já ter estado ali antes.
Com um minuto de silêncio para reflexão, o rapaz escuta o som de um suspiro e aí a respiração leve de alguém ao seu lado. Mais especificamente, uma ruiva. O ar em seus pulmões parece travar na hora, embora suas narinas comecem a abrir e fechar rápido em sinal de nervosismo. A luz que adentra o quarto ilumina a face serena dela, dando ainda mais vergonha ao pobre homem. Ele não faz ideia do que aconteceu.
...
- Jellal? – a voz da titânia volta Jellal para o momento, mas não o faz fita-la – Não vai falar comigo? – ele continua de pé frente ao balcão da cozinha, preparando ovos e as fatias de bacon restantes na geladeira enquanto usa o avental favorito da namorada, este com estampas de doces – Está nervoso por causa de ontem?
- "Nervoso"? – a risada dele falha – Quem está nervoso? Eu não estou! – o mago celestial termina de aprontar a mesa e finalmente a encara, ainda parada bem no batente da porta – Pode se servir. – ela torce o nariz e puxa uma cadeira, sentando de frente para seu teimoso namorado que insiste em manter distância.
- Não vai nem me dizer o que está te incomodando? Você não disse uma palavra!
- As torradas vão esfriar. – ele informa antes de passar geleia no pão.
- Tá certo, feito! – Erza responde aborrecida e enche seu copo de vidro com suco, permanecendo quieta durante alguns minutos sem observa-lo, até que pega os olhos dele sobre si e bate a mão esquerda na mesa com força, assustando-o – Vai mesmo continuar me ignorando? Jellal, ou você me conta por que está estranho desse jeito ou eu te capo aqui e agora! – a mera ameaça é o bastante para fazê-lo engasgar, mas Jellal só gela ao vê-la conjurar uma das suas espadas – ANDA LOGO!
- TÁ BOM, TUDO BEM, CALMA! – pede aflito, levantando ao mesmo tempo e, sem tirar os olhos da arma direcionada para a sua virilha, erguendo as mãos – Eu... Eu te amo Erza, acredite em mim! Desculpe se te magoei, mas eu estava com medo!
- “Medo”? – a ruiva repete confusa – Mas medo de quê?
- De te magoar! – dito isso, a espada cai no chão de repente.
- Deixa ver se eu entendi direito... Você me magoou porque estava com medo de me magoar? – ela pausa e balança a mão direita como se espantasse a teoria – E QUE DROGA DE RESPOSTA É ESSA? Acha mesmo que eu vou aceitar isso?
- Não, eu não estou tentando te enrolar! É a verdade, eu não queria te magoar! – o homem baixa os braços e toma fôlego, corando um pouco mais – Eu... Eu passei esses dias longe de você porque estava tentando arranjar respostas pra minha insegurança. Eu sei que ainda tem muita gente desconfiada de mim, pelas coisas ruins do passado. Tudo bem, antes era aceitável, podia conviver com isso. Era minha culpa afinal, eu tinha que aprender a conviver com ela, mas... Mas agora não. Eu tenho você. – a Scarlet pega ar e prende a respiração inconscientemente, comovida – Nós enfrentamos tantos inimigos, e a maioria deles sempre me quer morto, por isso quando eu entrei na Fairy Tail fiquei tão nervoso de estar ao seu lado. Eu sabia que você tinha me perdoado por tudo, porém, nós temos muitos amigos do nosso passado e... Queria ter certeza que eles não estavam com raiva por estarmos juntos. Não queria que eles desprezassem você por estar comigo.
- Jellal... – a voz dela sai arrastada, então engole e franze o cenho – De onde tirou essas ideias? Nossos amigos não te odeiam mais, nem nos desprezariam!
- Bom, eu não tinha tanta certeza! Que garantias eu poderia ter, Erza? Heim? – ela abre a boca para responder, contudo, ele é mais veloz – Eu te afastei de mim prezando o seu bem estar. Queria ter certeza de que estaria segura, feliz, e não achava que poderia ser ao meu lado. Agora... – ambos sorriem enquanto a mulher se aproxima dele – Eu só quero que esteja perto de mim todo o tempo, a vida toda. Sou egoísta o bastante para ter a ousadia de te abraçar o mais forte que eu puder... – e dito isso, seus braços rodeiam-na pela cintura conforme a espada no chão desaparece – E não querer largar nunca mais.
- Ah Jellal... – a titânia cola seus corpos, massageando os cabelos azuis e deixando o nariz de seu homem percorrer seu pescoço – Eu sinto muito, meu querido! Estava tão preocupada de a sua distância ser por minha causa que pensei coisas horríveis de você!
- Você poderia me capar e eu ainda ficaria ao seu lado! – os dois riem e se beijam.
- Então, o que você fez esses dias? Foi bater de porta em porta, procurando nossos antigos amigos, para perguntar se aceitavam nosso namoro?
- Puxa... Quando você coloca desse jeito parece muito pouco romântico.
- Seu idiota! – ela bate na cabeça dele, fazendo-o gemer e rir ao mesmo tempo – É verdade? Fez isso mesmo? – ele afirma com um aceno – Eu não acredito!
- Mas é! Na verdade, eu marquei um encontro com os outros. Mandei mensagens pra nos encontrarmos numa igreja aqui perto e pedi desculpas pessoalmente por tudo, da forma que devia ter feito há muito tempo. A Millianna foi gentil. – eles trocam mais um sorriso – Só a Kagura não apareceu, mas você disse que ontem pela manhã ela trouxe o bolo de morango com o Rogue, não é?! – a moça acena em confirmação – Explicado.
- Sim! – a ruiva solta um risinho, logo fazendo um cafuné no sorridente amado – Fico contente que tudo tenha acabado bem. E sobre ontem... – o mago rapidamente fica exaltado, as pupilas dilatando e o suor escorrendo – Jellal?
- Ah sim, ontem!... – o desespero começa a se apossar de seu corpo, mas a fuga é impossível enquanto ela estiver lhe segurando – Quando eu... Eu dormi no seu quarto?!
- Por que está desviando os olhos? E que sorriso amarelo é este agora? – ele tenta explicar e termina com as bochechas espremidas, sendo obrigado a encara-la – Você por acaso não se lembra de nada do que aconteceu entre nós?
- Bem... Ah... – Erza bufa e o solta, cruzando os braços, e mesmo não parecendo, de fato, aborrecida, o Fernandes se adianta jogando-se de joelhos à sua frente – Eu peço perdão, querida! Ontem à noite eu saí com o Gajeel e bebi demais, não sabia mais o que estava dizendo! Eu juro que não queria tirar a sua virgindade, foi sem querer!
- Pare de me pedir desculpas! – ele se cala, ainda agarrando as pernas dela, e fica surpreso vendo as maçãs rubras do rosto feminino emburrado que não o fita – Puxa... A última coisa que você devia fazer era me pedir desculpas, seu idiota!
- Então... Não está zangada comigo? – ainda que ela não responda, sua vergonha é sinal suficiente para que Jellal se levante e a tome nos braços, fazendo-a se segurar em si pelo susto e desconfiar do sorriso malicioso – Eu posso não lembrar nada de ontem, mas agora faremos novas memórias! Vou me dedicar a te fazer feliz daqui pra frente!
- Nossa! Eu vou agradecer ao Gajeel depois! – ela ri ao vê-lo confuso – Nada não.


Continua...

Na cena em que o Jellal pede que a Erza fique calma (sentença de morte, kkk), a frase é do filme "O Homem do Futuro".

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