A Dona do Pedaço

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Cap. 2

Cap. 2
União


Kelly começa a luta ganhando, mas porque Killua está se contendo! Em um determinado momento, ela acerta uma rasteira nele e desaparece logo que ele levanta. Para os experientes da tribo, todos sabem que a garota está camuflada. Acontece que Killua também sabe disso, embora finja procurar com os olhos algum ponto cego! Logo quando a Kelly tenta atacá-lo, ele se vira e segura seu braço, virando-a e jogando no chão com um sorriso.

Ela levanta sem dizer nada e com a cabeça baixa. Nesta hora, Gene levanta o braço em sinal para que todos se afastem, e assim fazem. Isso porque Kelly fica furiosa, com os olhos sem brilho pelo que se vê quando levanta sua cabeça. Os forasteiros se surpreendem, entrando num alerta de perigo, assim como os membros da tribo acostumados a mudança de humor da menina.

- Killua, tome cuidado! – Korapaika grita, notando a gravidade da situação.
- Não sei se desviar vai funcionar agora. A Kelly com raiva é a pior coisa que um inimigo possa querer!... – basta Katrina terminar de falar e ela o soca.

Ele rola pelo chão e demora a levantar, mas quando o faz apenas começa a rir, limpando o sangue da boca. Kelly e os outros, a não ser Gon, pensam que o coitado ficou louco. O soco pode ter sido forte... Ainda de cabeça baixa, o garoto dá dois passos e a adversária recua um.

- É, mas o Killua também é muito perigoso! – Gon ri.

O menino, de repente, ergue a cabeça e assusta os desprevenidos com uma aura negra e a expressão fria. É a típica face de alguém disposto a matar quem entrar em seu caminho... Mas mesmo tremendo, Kelly não recua. Pelo contrário! Ela usa sua velocidade para tentar despistá-lo, então Killua faz o mesmo. Em pouco tempo eles já estão trocando rasteiras e socos. No final, quando estão ofegando, ela levanta a mão. Katrina sente um arrepio.

- Kelly, não exagere! Você vai matá-lo!
- Ele que está pedindo! – grita de volta sem encará-la.
- O que ela vai fazer? – Leório observa com curiosidade.
- Kelly, abaixe essa mão! Quer explodir tudo? – um grito repentino surge ao lado deles.

Kelly abaixa a mão zangada, e assim que o clima tenso diminui, Killua se aproveita para ataca-la, mas ela consegue se defender e os dois recomeçam os socos e chutes enquanto a mulher recém-chegada suspira, chamando a atenção dos outros.

- Liana? – Gene olha-a surpresa – Eu pensei que você estivesse colhendo flores.
- Eu já as deixei na minha cabana. Poderei fazer os antídotos com elas. – Liana encara os forasteiros – Quem são vocês? – sua expressão exprime calma e alguma curiosidade.
- Ah, me desculpe pela indelicadeza! – Leório sorri galantemente – Eu sou o Leório, e este aqui é o pequeno Gon. – empurra o garoto para frente pelos ombros – Nós viemos ajudar nosso amigo, o Korapaika – aponta pra trás, chamando a atenção para o loiro -, a entrar para a tribo.
- Como? – Liana se volta para Katrina – Que história é essa? – a loira não sabe o que fala, então opta pelo silêncio – É por isso que Kelly está brigando com aquele garoto?
- É sim. – Gene responde – Aconteceu de a Katrina encontrar com o Korapaika quando ia colher frutas, daí ele disse que é um caçador de Lista Negra e todos concordaram em ensina-lo a cultura e os costumes dos Karita em troca de proteção e de caçar os assassinos da antiga família principal. – as três se voltam para os rapazes.
- Pois é... – Leório ri sem jeito, colocando uma mão atrás da cabeça – Na verdade, nós...
- A minha intenção – Korapaika começa após interrompe-lo – nunca foi contar sobre seu povo ou sua cultura. Também não estou atrás de vocês, e aproveitando as minhas explicações – volta-se à Gon e Leório -, eu quero que saibam de uma coisa: desde o começo, só pedi sua ajuda para ensinar aos Karita como se defender de ataques de caçadores porque Gon me pediu pra ser criativo com as atividades que faríamos nestas férias.
- Essa foi a melhor ideia que você já teve Korapaika! – Gon abre seu sorriso doce.
- E o que vai ganhar aprendendo sobre nós? – Liana franze o cenho.
- Nada. – a sinceridade dele a choca e a faz rir, levando os outros a ficarem confusos.
- Bem... – ela recupera o fôlego, voltando a olhar para frente – Não sou eu que vou negar a decisão do conselho. A segunda família sempre foi boa nos seus julgamentos... Mas essa ideia de teste foi da Kelly, não é? – Katrina e Gene confirmam com a cabeça – Tudo bem, vamos ver no que dá. – Liana se volta para os rapazes – Torçam por seu amigo.
- Desculpe senhorita, mas quem é você? – Gon a encara curioso.
- O meu nome é Liana. – sorri – Sou a curandeira da tribo.

Liana é uma mulher de altura média muito bonita com cabelos cor de avelã. Os seus olhos beiram a mel e não é muito magra. Ela não nasceu na tribo, era uma adolescente que trabalhava como garçonete em uma lanchonete do interior. Um dia, fugindo de um homem bêbado durante a noite, Liana se perdeu na floresta dos Karita e foi aceita por ter um bom conhecimento de erva medicinal, as técnicas ensinadas por sua mãe, que era curandeira e parteira.

A mulher, da mesma idade de Leório, é quem mais restringe Kelly quando fica nervosa. A situação, desta vez, não é diferente, mas Liana pode não conseguir controla-la a tempo...!

- Vamos mudar o nível e acabar logo com isso. – Kelly sorri e posiciona as mãos de frente uma para a outra; delas começam a sair raios.
- Kelly Nikoro, pare com isso imediatamente! – Liana grita.
- Você não manda em mim tia! – ela lança um sorriso de deboche, irritando a mais velha.
- Kelly, é sério, pare! – Katrina pede – Você sabe que não pode usar esta técnica aqui!
- Ela sabe usar Nen? – Gon se espanta.
- Sabe. Kelly aprendeu quando era criança. – Gene explica.
- Mas o Killua também sabe manejar o Nen. – Korapaika diz sorrindo.

A aura do garoto se manifesta nessa hora, surpreendendo Kelly. Quando os dois estão na posição para iniciar um ataque perigoso, entretanto, os linces entram na frente deles, parando-os. Bosom lança um uivo de alerta de cima da rocha mais alta que assusta aos Karita, desviando a atenção de Kelly. Ela segue Bosom e vê abaixo da cachoeira um grupo de turistas curiosos tirando fotos, que parece disposto a escalar a trilha até a campina onde se localiza a tribo.

- Mais que droga! – Kelly pragueja e volta para onde estão os outros – Que irritante! Isso aqui é uma ilha isolada, por que visitas? – suspira nervosa – Turistas. São pelos menos trinta!
- Outra vez... – Gene suspira – Vamos mandar os linces. – Kelly concorda e sai correndo junto da garota, sendo acompanhada pelos animais.
- Não vamos continuar com a luta? – Killua grita irritado, mas antes que dê dois passos, a loba entra em sua frente rosnando.
- Bosom, não faça nada com ele! – Kelly grita, olhando rápido para trás e logo voltando a correr com os outros.

A loba apenas a olhou de relance e se voltou rapidamente para Killua de novo, mas acata a ordem e deita de frente pra ele, com as orelhas levantadas em alerta. Killua senta como índio e os dois ficam se encarando. Os amigos riem, e então Korapaika chega perto de Katrina.

- O que suas amigas vão fazer? – os dois olham na direção de onde as duas sumiram.
- Elas só vão assusta-los um pouco, mandando os linces rosnarem.
- Por que os outros também não vão? – Gon refere-se aos lobos cercando a tribo.
- Porque tem sempre que haver um grupo de animais protegendo a tribo. Não podem sair os dois, do contrário ficamos muito expostos. – Katrina responde sorrindo.
- Ah... – Gon prolonga a voz, fazendo o pequeno grupo rir baixinho – E eu posso brincar com eles? – ele sorri, apontando aos bichos.
- Brincar com eles? – Liana ergue uma sobrancelha, aproximando-se.
- É. Eles devem se sentir muito chateados por ficar trabalhando o tempo todo, não acham?
Katrina e Liana encaram o garoto com curiosidade e surpresa. A simplicidade com que as suas palavras saem é o mais cativante nele. Katrina ri divertida, olhando para os lobos.
- Você pode tentar, mas eu não posso garantir que eles vão concordar. Todos os lobos são educados desde filhotes a obedecer aos comandos da primeira família, e eles só ficam de guarda. E por um estranho motivo a Kelly foi reconhecida pela Bosom como um membro da ramificação principal também. Gene já tem afinidade com animais, então eu até entendo o afeto deles por ela. – ri, encarando-o – Se quiser tentar Gon, fique a vontade. Mas eu não aconselho você envolver a Bosom nisso, porque ela só escuta a mim e a Kelly!
- Pelo menos até agora. – Liana sorri, apontando para frente, e todos olham Killua e ela.
- Por quanto tempo eles vão continuar se encarando? – Leório ergue uma sobrancelha.
- Não se preocupe, acho que eles se entenderam! – Liana ri – Katrina, você me ajuda na produção do tônico? Depois de tantos acidentes com aranhas, eu quero fazer uma dose extra!
- Aranhas? – Korapaika repete nervoso – Mas que aranhas?
- A crise da qual falava é com elas! – Katrina responde – Um grupo de aranhas venenosas andou crescendo demais nas últimas semanas e só sabemos que ele teve origem nas terras atrás da tribo. – sorri para Liana, saindo com a amiga, mas voltando-se rápido – Tome cuidado Gon!

Ele faz que sim com a cabeça, muito animado, e sai correndo até os lobos. Bosom levanta a cabeça pra observa-lo, chamando a atenção de Killua para a mesma direção. Quando não nota a maldade em seus gestos, acariciando com cuidado os outros lobos, ela volta à posição anterior e Killua ri, resolvendo deitar após abaixar o boné vermelho com que veio na altura dos olhos. Os Karita ainda estão observando Korapaika e Leório, então eles sentam no chão para esperar.

Quando Kelly e Gene regressam com os linces, Killua e Bosom levantam. Gon ainda está brincando com os lobos. Korapaika e Leório erguem-se assim que Kelly chega perto, buscando as outras amigas com os olhos. Katrina e Liana saem da cabana da mais velha neste momento e a loira desperta o olfato aguçado dos animais, que a cercam com as orelhas baixas e a farejando.

- Por que estão cheirando ela? – Korapaika espreita a situação com curiosidade e Liana ri.
- Foi o tônico. – ela bate as mãos uma na outra – É que nós duas estávamos mexendo com rosas, mas a Katrina deve ter ficado com o cheiro mais forte. Além disso, ela vive no jardim... – suspira – Bem, se me dão licença, eu preciso distribuir o tônico. – Liana dá meia volta e sai.
- Jardim? – Korapaika volta a perguntar – Que jardim? Aqui é uma campina.
- Atrás da tribo, no final da floresta, tem uma cordilheira, e dentro dela um jardim cheio de rosas de todas as cores. – Gene explica – A Katrina gosta de passar a maior parte do tempo lá.
- Gene, pare de falar isso! – Kelly pede – Nós ainda não sabemos se podemos confiar neles.
- Como assim não podem confiar em nós? – Killua se exalta, mas quando faz menção de ir para perto dela Bosom rosna, fazendo-o ficar quieto.
- Mas vocês estavam brigando justamente para nos deixarem convencer vocês que podem confiar em nós, não é mesmo? – Gon interfere, ficando entre eles – Vocês podem!
- Não terminamos a luta, mas eu também não pretendo continuar com ela. – ela se vira – Não vamos aceitar!... – a loira se aproxima deles neste momento.
- Kelly, desta vez eu vou ter que discordar de você. – todos olham Katrina – Nós estamos entrando em uma crise, e você sabe!... – Kelly não lhe responde, apenas vira o rosto e começa a balançar os pés – Se não conseguirmos resolver o problema, a tribo Karita não será a lembrança do que já foi! Você não quer isso e nem nenhuma de nós... Aceite a ajuda deles!
- É verdade Kelly! – Gene concorda – Eles parecem ter boas intenções.
- E você titia? – a garota encara Liana com os braços cruzados – Concorda com elas?
- Sabe que a nossa opinião não importa muito se a última palavra é a do conselho, mas se for pra te deixar irritada, sobrinha querida – debocha com um sorriso, fazendo Kelly sorrir com ironia -, é bom saber que eu concordo com elas sim. – a garota suspira.
- Mas o que vão querer em troca? – encara os jovens.
- Eu já disse: sinto-me bem só com vocês me ensinando algumas coisas sobre sua cultura. A menos que queiram mais algo. – Korapaika encara os amigos e eles se entreolham.
- Ah... Eu gostei dos animais que andam por aqui. – Gon começa sorrindo e apontando para os bichos atrás de si – Será que um de vocês pode mostrar como eu faço pra me aproximar deles? – Gene encara as amigas com expectativa e Katrina apenas direciona a cabeça para frente, indicando que fale sem medo.
- Eu conheço bem a floresta. Se quiser... – ele se empolga e os dois sorriem abertamente.
- Embora eu até ache, Gon, que você não precisa de ajuda para isso. – Katrina comenta ao ver os lobos lambendo a mão do garoto.
- Ei, parem com isso, faz cócegas! – ele ri, puxando o sorriso de todos, e então Leório coça a cabeça, olhando para os lados.
- Aquela garota que estava aqui, Liana, seria legal se ela pudesse me mostrar alguns dos medicamentos que conhece. Pode me ser útil, já que eu sou médico...!
- E você também não quer nada? – Kelly olha logo para Killua, mas ele vira o rosto e bota as mãos nos bolsos.
- Depois disso, só me interessa lutar com você de novo...! – ela não o responde, só pára de bater os pés e suspira.
- Certo... Eu concordo!... Mas ainda não confio em vocês! Terão que provar o seu valor. – Killua toma a frente.
- Não se preocupe. Quando terminarmos, vamos embora!

Com o consentimento do conselho, todos começam a trabalhar juntos. Todas as manhãs, os rapazes vão até a tribo Karita e ensinam os membros a se defender com o Nen, além de serem ensinados também, aprendendo curiosidades com as garotas. Leório e Liana trocam descobertas medicinais, Gon faz explorações ao lado de Gene e Katrina mostra coisas novas sobre os Karita à Korapaika, o deixando a vontade para fazer perguntas. Ao mesmo tempo, ele cumpre o acordo.

De sua parte, o rapaz sempre busca evidências dos assassinos da tribo como pode, fazendo perguntas na cidade, retendo informações novas dos membros da tribo e da própria loira. Pelas vezes que visitou a cordilheira, ele suspeita de alguma coisa escondida. Killua e Kelly, por outro lado, tentaram se ignorar esses dias, mas sempre que ele pegava um ioiô que vive carregando no bolso e começava a jogar, atraía não só a atenção dos lobos e linces, como também dela!

- Por que não pergunta para ele como se joga? – Liana tentava convencê-la achando graça.
- E por que você não vai verificar a temperatura da água com Leório? – ela esnobava.

Kelly não ouve ninguém, por mais que tentem fazer com que ambos se interessem por um assunto em comum para, ao menos, não se estranharem quando passarem perto um do outro! E o momento do fim da rixa chega... Um dia, Killua perde o ioiô que está lançando para o alto no meio do mato. O brinquedo sai rolando morro abaixo, e ele não vê o barranco, então acaba que tropeça e também rola até embaixo. Quando levanta, com o corpo dolorido, nota que está sujo.

Mais especificamente imundo! Ficou cheio de folhas espalhadas pelo corpo, grudadas com lama, e ainda atrai muitos insetos enquanto anda! Começa a escurecer. Finalmente, ele se senta por alguns minutos e vê Kelly jogando o ioiô enquanto se escora em um galho da árvore em que está sentada. Ao ouvi-lo se aproximando, ela abre seus olhos e olha pra baixo. Estranha por não ver ninguém, então vira e acaba levando um susto quando encontra Killua atrás de si.

- Oi... Será que dava para devolver meu ioiô? – ela nem tem tempo de gritar, por isso ou pela queda que sofre ao perder o equilíbrio.

Por sorte, Killua consegue saltar e pega-la nos braços antes que um estrago maior ocorra. Quando ela abre os olhos e percebe que está nos braços dele, fica automaticamente nervosa.

- Você está bem? – ele a encara sem muita expressão, fazendo Kelly corar.
- Estou... – ela se afasta dele assim que é posta no chão – Mas a culpa foi sua! Por que me assustou? Se não tivesse reflexos rápidos, eu poderia ter morrido!
- Eu não queria te assustar, apenas vim pegar meu ioiô! – ele coloca o objeto no bolso.

A garota o olha de cima a baixo e ri. Notando isso, Killua se analisa abrindo seus braços e faz uma cara de desagrado, resmungando qualquer coisa.

- Não tinha como não assustar alguém!... – Kelly controla o riso – O que houve?
- Se quer saber... Eu rolei barranco abaixo atrás do brinquedo.
- Tinha que ser... Você é muito lesado! – ele faz um bico enorme, bufa irritado, mas não a responde – Não pense que eu peguei essa porcaria de propósito!
- Eu não pensei nada... – neste momento, a lua cheia fica bem visível no céu e se ouve um coro de vários uivos – O que é isso?

Quando ele vira novamente na direção dela, a garota já está encima da árvore a sua frente. Ela sorri e acena para qualquer lugar, então Bosom e outros lobos aparecem ao redor dele. Kelly desce com um salto do galho e cai suavemente no chão.

- Eles estavam me procurando. – a menina explica, acariciando a cabeça de um dos lobos.
- Por que não manda pararem de me encarar?
- Não posso... Eles não confiam em você, assim como eu!
- Não estou nem aí, mas não quero ficar sendo observado o tempo todo!... Já não bastava a minha família... – ele começa a sair de perto, com as mãos nos bolsos, e Kelly fica quieta por uns segundos, acompanhando-o com os olhos.
- Tem um lago aqui perto. Você não quer se refrescar? – Killua pára de andar e se vira.
- Por quê? Você botou alguma coisa no caminho?
- Acho que você também não tem muita confiança em mim... – ela torce o nariz e o garoto ergue uma sobrancelha, sorrindo.
- Como vou confiar em você, se você não confia em mim?
- Tem razão...! – faz uma pausa e vira de costas pra ele, sorrindo de canto – Vou te deixar aí. – Killua entra em desespero.
- Não, espera!... – Kelly ri e vai até ele – Você não ia fazer isso, ia? – ela segura sua mão e o puxa, começando a caminhar.
- Vamos, antes que os animais selvagens comecem a aparecer!
- Nós ainda podemos ser atacados, mesmo com esses cães de guarda? – ele encara os lobos, andando ao lado dos dois.
- Você é um convidado indesejado pra eles. Pros outros animais, carne.
- É bom saber. – os dois riem e caminham mais um pouco por entre os arbustos, cortando caminho por aonde os lobos vão, até que param perto do lago.
- A noite não parece estar tão fria... Tire as roupas!
- Como é? – assim que ele olha para o lado, percebe que ela já está tirando a blusa de cima – O que você está...?
- Se está pretendendo esperar que as roupas sequem depois de entrar na água, pode ficar à vontade. Mas eu te deixo aí!... – logo quando a garota tira o short e pula na água com o vestido quase transparente que usa por baixo, Bosom deita na pedra de onde ela pulou e fica vigiando o ambiente com os outros lobos – Vem Killua! – ele suspira e fica de calção, pulando – Como está?
- Fria! – o garoto começa a tremer, puxando o riso dela, que nada ao seu redor – Como é que você aguenta? Está frio demais!
- Mas eu me acostumei. Desde que era criança, eu ficava nadando a estas horas da noite, porque não podia sair de manhã sem supervisão de alguém.
- Como assim? Disseram que você sempre fez o que quer!
- Mais ou menos... – ela nada, sendo seguida por ele, e deita no leito de estiagem do rio – Eu fui adotada pelo líder, o pai da Katrina, depois de ser achada perdida na floresta. E eu estava fugindo...! – suspira, fechando os olhos.
- Fugindo? – Killua deita ao seu lado – Fugindo de quem?
- Da minha família... – ela pega-o de surpresa – Não sou órfã, por isso não se pode dizer exatamente que fui adotada, apenas criada um tempo por outras pessoas.
- E os outros sabem disso? Sobre a sua família...?
- Claro! E a Katrina foi gentil comigo... Nós somos amigas faz tempo, mas a minha amiga mais antiga é a Gene. Ela e minha família moram na ilha perto daqui. Se sumir de vez quando, é porque voltou pra casa. Só vem quando os pais estão fora ou ficam muito ocupados com a lanchonete. Eu pedi que não contasse da tribo e da minha localização para ninguém.
- E a família da Katrina? Como eles morreram?
- Ela não gosta de falar nisso. – Kelly sai da água e ele a segue – Foram assassinados. – o menino faz a associação com a invasão sobre a qual ouviu falar.
- Foram os caçadores que invadiram a tribo anos atrás?
- É!... Ela tinha doze anos... Mas é melhor você não saber... – ela sobe na pedra onde está Bosom, pegando as roupas e jogando as dele.

Eles começam a se vestir em silêncio. Kelly já está tensa, um tanto melancólica, por outro lado, Killua gostaria de desabafar com alguém sobre seus problemas, mesmo não querendo falar, e tendo isso em mente ele resolve insistir mais um pouco.

- Ainda não confia em mim? – questiona, fazendo-a rir.
- Não é bem isso. É uma história muito triste... E Gene e eu estávamos lá – entristece-se e diminui a voz, encarando-o -, vendo tudo com ela. Katrina chorou até dormir e passou dias sem falar direito. Mal comia, pouco sorria... Quando Liana apareceu, fugindo de um cara bêbado até se perder na floresta, ela até estava se sentindo melhor, mas nunca mais foi a mesma!
- É por isso que a protegem tanto? – Kelly sorri com a pergunta afirmação.
- Katrina é bondosa demais e pode ser enganada facilmente por isso. Eu só não quero que ela se magoe novamente!... – suspira, encarando-o quando os dois viram de frente um pro outro – Gene acha que Korapaika é uma influência boa pra ela. O que você me diz?
- Eu não o conheço há tanto tempo quanto o Gon. Ele e o Reólio – o Killua brinca com o nome, entortando seu nariz e fazendo-a rir – o conheceram no exame pra caçador. Eu fiz o teste no mesmo ano, mas eles já se conheciam. De qualquer forma, ele parece legal, mas acho que se prende demais ao passado com essa motivação de vingança... – Kelly e o garoto vão andando ao lado dos lobos – O Korapaika persegue os assassinos da tribo dele faz anos!
- Como é? – Kelly pára de andar – Ele também morava em uma tribo?
- É, e se eu não me engano também tinha a mesma idade que ela quando aconteceu de eles serem assassinados. O grupo se intitula Genei Ryodan e o símbolo deles é uma aranha.
- Isso eu acho que já ouvi da Katrina, mas não sabia da família dele... – pausa – E foram todos mortos, não sobrou ninguém? – Killua confirma com a cabeça – Tadinho!... – recomeçam a andar – Agora eu sei por que se interessou tanto em aprender sobre a cultura Karita e caçar o grupo que assassinou a família principal... Aquela corrente que usa na sua mão direita tem um poder assombroso, e eu queria saber pra que usava. Agora eu sei também. – ri – É do tipo que Materializa, não é? – Killua confirma – Mas se ele é tão vingativo assim, pode vir a ser um problema grave. A Katrina é a única que restou com o sangue dos líderes. Ninguém mais pode liderar a tribo se não ela. Além disso, é a virgem dos rituais de passagem e os tradicionais.
- Rituais? – Kelly pede calma com a mão.
- Você aprende isso depois. – suspira – A questão é que se alguma coisa acontecesse com ela, os membros da tribo ficariam feito um cego em tiroteio! O seu amigo pode ser legal, mas se esse ódio dele continuar o consumindo, uma hora ou outra ele pode fazer alguma besteira!
- Bom... – Killua pigarreia – Eu não sei se é uma boa hora pra dizer isso então, mas... Ele tem um fraco com aranhas também. Se vir uma, seus olhos ficam vermelhos e o cara enlouquece!
- Olhos... – Kelly pára de caminhar pela segunda vez e Killua pausa mais a frente – Olhos vermelhos? Então aquela cor negra são lentes de contato? Por isso quando Katrina se assustou com uma aranha ele usou aquela corrente pra estraçalhar a criatura! – relembra nervosa.
- Ah... Eu acho que ninguém te contou sobre isso. – vira-se para ela – A tribo dele tinha o nome Kuruta. Eles moravam em um local isolado justamente porque tinham os olhos vermelhos, que têm um grande valor no mercado. Quando um membro morria, se seus olhos estivessem da cor vermelha, eles ficariam assim para sempre. Graças a isso, o Genei Ryodan os atacou.

Kelly permanece estática por algum tempo. Killua a encara com preocupação, mas curioso sobre o comportamento estranho. Bosom sente o receio da garota, faz um som fino e acarinha o focinho na mão dela, chamando sua atenção. A menina se alerta e passa a mão esquerda sobre a cabeça da loba, sorrindo fracamente e logo em seguida olhando o garoto com nervosismo.

- Os Karita têm olhos vermelhos também. – a expressão de Killua muda drasticamente – E a Katrina nasceu com uma boca muito carnuda e vermelha também. É mais um motivo para termos tanto medo com que possa acontecer com ela!
- Ah meu Deus!... – ele sussurra, olhando para os lados e logo pra ela – Por que ninguém disse nada antes? Isso é importante!
- Não contaríamos se não confiássemos em vocês! Além disso, nunca pareceu importante ser mencionado, se o objetivo era apenas dar umas aulas de proteção com Nen!
- Mas o Korapaika está procurando pelos assassinos! Isso é uma pista interessante!
- Eles não iam ter a cara-de-pau de sair desfilando por aí com os olhos e as bocas retirados dos líderes dentro do bolso, não é? – grita.
- Mas se nós soubermos onde as partes dos corpos estão localizadas, vamos acha-los mais fácil! – ele devolve gritando também.
- Que coisa! Não podem nos culpar por esconder isso! Vocês que chegaram aqui querendo meter os narizes onde não é da conta!
- Nós viemos ajudar o Korapaika! Se não queria nossa ajuda, por que não ensinou o Nen pra eles antes? Aí só o Korapaika estaria aqui!

A confusão que os dois fazem chama a atenção de um enorme urso que estava dormindo. O animal rosna nervoso e os lobos o cercam, chamando sua atenção enquanto Killua e Kelly se apressam em sair correndo. Após a fuga bem sucedida, sem o sacrifício de nenhum membro da alcateia, eles olham um pro outro e começam a rir.

- Acho que exageramos. – ele inicia, sorrindo – Olha, desculpa! Será que a gente não pode se dar bem? – Killua estica a mão para Kelly apertar, mas ela continua parada a encarando com graça – O que foi? Gene é a única que pode saber os seus segredos?
- Ela não sabe, e você não vai saber! – dá língua, fazendo-o abaixar a mão com uma careta.

Os dois logo chegam à tribo rindo e conversando. Como ficaram com os cabelos um pouco molhados, os amigos suspeitam e Katrina é a primeira a questionar sua localização. Kelly ganha uma cara suficientemente constrangedora para passar por Liana correndo sem dar satisfação ao que diz, sobre estar preocupada, e se fechar na sua cabana. Killua também não quer comentar. Os Karita deixam claras as preocupações, afinal, a influência dos forasteiros está surtindo efeito!

Continua...

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