A Dona do Pedaço

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Cap. 1

Katrina, Kelly, Gene, Liana, o grupo Sedie Havre, a tribo Karita, as famílias Nikoro e Dilatam e os animais são de minha autoria.

Está fic é reestrutura de "Vermelho Cor do Amor" com alguns pedaços de sua continuação, "My Way is You", e a outra fanfic de Hunter x Hunter que fiz, "A Gincana Noturna de Rivais".

Recomendação de Vídeo (para se ter uma noção de Katrina): http://www.youtube.com/watch?v=UencJX3V4pQ&feature=youtu.be.

Cap. 1
Encontro

Korapaika Kuruta é um jovem caçador que vai viajar para o exterior. De malas prontas, acaba por se despedir do chefe antes de entrar no táxi para o aeroporto e dá de cara com Neon, sua namorada, esperando-o de malas igualmente arrumadas, como o planejado. A garota é filha única do dito chefe, o senhor Nostrad, pra quem Korapaika trabalha de guarda-costas. Ela beija seu rosto e ambos entram no avião. Os dois irão passar o verão na Ilha da Baleia, a terra de Gon.

Assim que chegam de navio no porto, procuram alguém a sua procura e acham! Leório é um jovem médico de visita na casa de Mito, a tia do seu amigo e de Korapaika, Gon Freaks. Ele acena quando ambos se aproximam e os acompanha ao McLaren Mp4-12C preto que comprou a pouco tempo, rumando pra casa de Gon. Ao chegarem, cumprimentam o garoto, sua tia e a mãe dela, portanto avó dele. Killua Zaoldyeck também está presente e os cumprimenta.

Este permanece de visita na casa desde um ano, fazendo companhia à Gon, com quem já dorme até então. É amigo de Korapaika e Leório também. Neon se apresenta, formalmente, para todos e logo a vovó de Gon os mostra os quartos de hóspedes disponíveis. Depois de ela e o loiro desfazerem as malas, os rapazes resolvem sair para passear, enquanto as mulheres conversam, e alugam um barco para navegar até a ilha mais próxima. Quando chegam, exploram o arredor.

Korapaika sempre gostou de ficar em lugares altos, então ele aproveita a escalada e acaba encontrando uma clareira na floresta no topo da montanha, perfeita para uma pescaria no lago ao lado. O quarteto pára e os mais jovens não perdem tempo em jogar a vara de pescar de Gon, que recebera de presente do pai, na água. Gon e Killua têm a mesma idade e são cinco anos mais novos que Korapaika, que por sua vez é mais novo dois anos em relação à Leório.

Mesmo com esta diversidade de idades, os jovens compartilham uma clara simpatia uns pelos outros. E a vantagem desta futura amizade poderá ajuda-los a enfrentar muitos perigos e dificuldades que estão por vir... Não muito longe dali, neste instante, uma linda moça colhendo maçãs, distraída, começa a cantar alegremente e a balançar seus pés enquanto está sentada nos galhos da árvore. Mal sabe que o simples cantarolar mudará sua vida para sempre...

Ela acaba atraindo a atenção de Korapaika, que, um tanto afastado do grupo, entra ainda mais na floresta sem medo. Ele segue o cantarolar até a cachoeira, então a vê escondida entre as folhas, mas não consegue ver seu rosto. Quando a jovem de sua idade pula para o chão, com a cesta de palha carregada com maçãs, paralisa instantaneamente. Parece ter sentido algo... Ela olha ao redor sem mover a cabeça, até que escuta o som de um galho se quebrando. É ele!

Conforme a bela se aproxima mais de Korapaika, receosa e muito atenta, o rapaz recua.

- Olá? Tem alguém aí? – segurando firme o cesto ao lado direito da cintura, a garota vai chegando mais perto do arbusto onde ele está – Oi?

Assim que ela vê a sombra de Korapaika, quando, sem querer, o jovem passa por debaixo de um raio de luz, afasta-se com um susto e se esconde atrás da mesma macieira onde estava. O silêncio o perturba, então resolve sair do esconderijo, cautelosamente. Logo ele sente uma mão o rodear e agarrar seus braços e uma faca em seu pescoço. A linda estranha modificou suas feições e agora está séria, fria, mas não menos nervosa. E Korapaika percebe...

- Fique quieto! – ela quase sussurra, aproximando-se para ver melhor o seu rosto – Agora me diga: quem é você e o que faz aqui?
- Eu sou apenas um estudante. Eu ouvi uma bela voz vinda desta floresta e resolvi ver de quem era. – a garota se surpreende, mas fica em silêncio, então ele a olha de banda – Era você?
- O que veio fazer neste lugar à uma hora dessas? – ela ignora a pergunta.
- Eu tenho uma política de não falar nada contra a minha vontade. Você pode conseguir muitas informações. – a moça levanta mais a faca com dois gumes e ele pode notar que o cabo é cravejado de rubis, mas esta não é a maior preocupação.
- Você não está em posição de exigir nada!
- Eu discordo. Acho que quem não está é você! – antes que ela tenha tempo de entender, o rapaz já se livrou de seu aprisionamento e a fez ficar na mesma posição em que estava.
- Você... Você é caçador...? – ele não respondeu, apenas continuou a encarando – Solte-me! – mesmo lutando, a garota não consegue se soltar – Solte-me, por favor!
- Eu não vou lhe fazer nenhum mal, mas antes de te soltar quero que me responda quem é.
- O que você tem a ver com isso? – Korapaika a solta devagar e segura seu colar dourado em uma forma felina, coberto de joias preciosas.
- Você vem de alguma família rica? – ela bate em sua mão e se afasta segurando o colar.

A bela moça está visivelmente assustada. Seus brilhantes olhos azuis, por um instante, parecem cintilar em vermelho, e isso chama a atenção de Korapaika. Os longos fios loiros voam com o vento enquanto ela recua para trás, já ignorando a cesta com as maçãs jazidas no chão. O fato de seus pés estarem descalços prova que ela não vem de uma família rica. Mesmo curioso a respeito da estranha, mais do que depressa, Korapaika faz uma reverência curvando o corpo.

- Desculpe, mas eu achei estranho você estar sozinha por aqui, então... – ergue a cabeça – Bom... Foi mais o instinto. Eu não devia ter te ameaçado, foi grosseria minha. – ela relaxa seus ombros, embora continue receosa a chegar perto – Pegue. – ele estende a faca para a jovem, que permanece parada, agarrando as mãos – Pode pegar! Eu prometo que não farei nada. – abre um sorriso, e isso acaba a convencendo.
- Você é ou não é caçador? – ela questiona já com a faca em mãos e ainda assim mantendo uma distância que considera segura dele, fazendo-o rir.
- Sou. – os olhos dela ganham de novo aquele tremular vermelho – Algum problema?
- Eu preciso ir embora! – antes que tenha tempo de correr, Korapaika segura seu braço.
- Espere um pouco! O que foi? Eu disse alguma coisa?
- Você é um caçador! Eu não posso ficar perto de você!
- Por que não? O que tem de mais eu ser um caçador?
- Você caça quem? – ele se surpreende com a pergunta, mas resolve responder.
- Sou um caçador de recompensas.
- Eu sabia! – ela tenta se soltar e, com algum jeito, consegue e se afasta ainda mais – Não se aproxime! Fique longe de mim!
- Eu não entendo! O que te assusta tanto?
- Caçadores de recompensas! – a confissão o choca outra vez – Eles não se importam de ir atrás de qualquer pessoa, contanto que sejam bem pagos! São seres humanos horríveis!
- Espere um pouco! Eu só caço os bandidos! – desta vez, ela é quem fica surpresa.
- Verdade? – ele confirma com a cabeça.
- Eu não sou um mercenário como você acha! – toca o coração com a mão direita – Jamais persigo e firo alguém inocente! – a garota fica um tempo quieta e parece analisa-lo, então sorri.
- É mesmo... – ela diz como se estivesse se recordando de já tê-lo escutado mencionando o fato antes – Ah, me desculpe! – ri – Eu fiquei nervosa e acabei exagerando!
- Não tem problema. Mas eu acho que deveria me apresentar... Sou o Korapaika.
- Ah... Muito prazer! – é somente o que diz e, após alguns segundos de silêncio, ele ergue uma sobrancelha.
- E qual é o seu nome? – ela volta a recuar, olhando desconfiada para os lados.
- É melhor esquecer que me viu, por favor!
- Mas qual é o problema? Se eu te assustei...
- Não! Aceito suas desculpas, mas eu não posso confiar em pessoas estranhas.
- Se me apresentei; como posso ser um estranho?
- Você é estrangeiro. – diz – As suas roupas são iguais as dos moradores da cidade, gente em quem eu não confio. Sinto muito! – ela se vira, pronta para ir embora.
- Espere! – ergue o braço, pedindo com a mão – Eu sei que é repentino, mas gostaria... – o rapaz respira profundamente – De vê-la de novo... Eu posso? – a moça abre a boca e nada sai.
- Eu... É melhor não. – recolhe as mãos junto ao peito, alternando entre olhar para baixo e o jovem – Por favor, vá embora! A minha família vai ficar nervosa se te vir comigo!
- Você mora por aqui? – a garota nada diz – Por que não me responde?
- Já disse: é melhor esquecer que me viu. Faça isto, para seu bem! – ela sai correndo.

Korapaika imagina se deve segui-la. Normalmente, ele não costuma se envolver com as outras pessoas ou as atrai, mas a garota parece ter um estranho mistério a envolvendo. Ele se vê disposto a descobrir qual é... Korapaika a segue e ela continua fugindo, cada vez mais rápido! E até tenta despistá-lo por entre as árvores... Quando pensa tê-lo enganado, a misteriosa jovem sobe a queda d'água. Ela escala a trilha íngreme sem muita dificuldade, sendo seguida por ele.

No topo, a garota caminha o percurso de gramado cheio de flores na foz em estuário do rio e chega a uma tribo, sendo recepcionada pelo gentil povo. Sorrindo, a loira cumprimenta todos por seu caminho até se aproximar de uma garota com cabelos medianos da mesma cor dos olhos negros e de altura média, sentada sobre uma rocha e sacudindo os pés.

- Kelly, como é que você está se sentindo?
- Ótima Katrina, valeu por perguntar! – sorri e começa a buscar algo – Trouxe as maçãs?
- Ah...! – bate de leve na testa e abre um meio sorriso, juntando as mãos atrás das costas – Eu acho que me esqueci! Desculpe.
- Esqueceu? Mas você saiu da tribo só pra ir buscar as frutas!
- É que eu parei para colher algumas flores, e...
- E onde estão as flores?... – antes que ela responda, Kelly desce da rocha e volta a buscar com os olhos algum vestígio – E a cesta? Esqueceu-se dela também? – para a alegria da loira, de repente as crianças começaram a gritar, chamando a atenção da amiga e a impedindo de dizer mais alguma coisa, mas só porque Korapaika entrou na tribo e logo foi cercado.
- O que está fazendo aqui? – ela chega mais perto e o chama baixinho.
- Te segui. O que você é, uma cigana selvagem? – ri de leve, mas a moça está nervosa pra acompanhar o seu bom humor.
- Katrina, quem é esse? – Kelly não está menos surpresa, apesar de não ser a primeira vez que alguém entra no território da tribo – É um caçador, não é?
- Eu sou, mas não vim atrás de nenhum de vocês! – Kelly começa a levantar a mão direita devagar, juntando o dedo médio ao polegar.
- Kelly, não! – Katrina grita, chamando a atenção da amiga e chocando todos quando fica na frente de Korapaika com os braços estirados – Ele diz a verdade!... – abaixa o tom de voz – E você está assustando a todos! – ela olha ao redor e suspira, abaixando a mão.
- Livre-se dele! – ela dá meia volta – E faça isso rápido!

Katrina o segura pelo pulso e o leva para longe, descendo a trilha da cachoeira. Ela anda rápido. Está claramente afobada. Korapaika permanece a observando até voltarem ao ponto de partida: a macieira onde se encontraram. A loira o solta e caminha para longe, virando na sua direção de uma vez e bastante aborrecida, pelo que se pode notar pelos punhos cerrados.

- Você quer morrer? – ele se surpreende com a alteração de humor – Eu te disse para me esquecer! O que estava pensando aparecendo na minha tribo daquela forma?
- Mas você deixou cair seu colar! – abre a mão.

Ela olha para o objeto e toca o pescoço, dando-se conta que o colar não está mais lá. Ele o estende na sua direção sem expressão alguma, então Katrina o toma das suas mãos devagar. A vergonha de ter gritado com Korapaika injustamente toma conta de seu rosto, a fazendo recuar um pouco com a cabeça baixa e as mãos, segurando firmemente o colar, sobre o peito.

- Obrigada... Mas você não pode continuar vindo aqui. Melhor se afastar, porque a Kelly não vai pensar duas vezes na próxima!
- E o que ela pretendia fazer comigo?
- Caçadores são os seres mais abomináveis do mundo para a minha tribo, especialmente se eles forem de Lista Negra! Se for capturado rondando pela floresta novamente, pode morrer!
- Mas o que fizeram para seu povo?
- Dentre muitas coisas, da última vez que um grupo de caçadores invadiu a tribo, um terço do meu povo foi exterminado. – Korapaika fica chocado – Agora estamos enfrentando uma grave crise, e eu não quero que mais ninguém se envolva! Não acontecerá de eu te defender de novo, por isto é bom nos deixar em paz. – quando começa a andar de volta, ele dá dois passos.
- Será que eu não posso te ajudar de alguma maneira?
- Sim, indo embora como eu já disse! – responde sem se virar.
- Mas eu sou um caçador de Lista Negra! Posso procurar pelos assassinos, se quiser. – ela pára de andar e encolhe os ombros – Além disso, eu sou um guarda-costas também.
- Não conseguiria derrota-los sozinho. São assassinos terríveis!
- Eu tenho amigos que podem ajudar. Eles são habilidosos e sabem se defender.
- Você quer dizer que existem mais caçadores por aqui? – agora sim Katrina se vira.
- Bom... É! – a garota fica pálida e de repente surge um uivo – Tem lobos aqui perto?
- É uma chamada... – ele não entende, mas ela não se importa em explicar – Pode ser que um treinamento funcione para defesa. Estamos acuados...! Mas não temos dinheiro pra pagar...
- Eu me contentaria em aprender mais sobre a sua cultura. – Katrina firma um olhar bem confuso – É que... Vendo você e o seu povo... – ele olha para o alto da cachoeira – Eu me recordo do meu. – encara-a – Eles também foram assassinados por um grupo de canalhas que carregam o símbolo de uma aranha nas costas. Então... Eu sei o que está sentindo. – ela engole em seco.
- Por isso você virou um caçador? – Korapaika faz que sim com sua cabeça – Entendi... – desvia o olhar e suspira, voltando a encará-lo – Então está querendo aprender nossa cultura em troca de nos proteger? – ri – Não sei se isso é muito justo. Para mim, você vai se sacrificar mais do que receber algo em troca!
- Mas para mim está bom. – ele não quer dizer que existe outra razão pra se envolver com o povo – Então, eu posso trazer meus amigos aqui?
- Não! – levanta uma mão – Eu... Nós encontraremos vocês na clareira da floresta.
- É onde nós estamos agora. Mas você virá mesmo?

Eles ouvem outro uivo, e visivelmente isso perturba a moça. Katrina confirma com a sua cabeça a aceitação do acordo, meio receosa, e o mesmo sai correndo, com um sorriso discreto e satisfatório nos lábios. A garota corre de volta para a tribo, mas na foz em estuário do rio ela é cercada por uma alcateia. A loba branca, sua líder, caminha até ficar de frente com Katrina e dá um leve rosnado, dando as costas e andando. A jovem a segue com uma expressão de culpa.

Na entrada da tribo, Kelly está à espera com um pequeno grupo de linces. Em um estalar de dedos da menina, os animais se dispersam. É este sinal que os Karita tanto temem... Kelly só não tem mais habilidade em comandar os bichos por existir outra amiga na tribo que consegue entende-los melhor. A mesma se aproxima por detrás da amiga com a empolgação de criança de sempre, juntando as mãos atrás das costas. Sua presença ameniza o receio de Katrina.

- Quanto tempo mais você ia levar pra expulsá-lo da tribo?
- Ele já foi embora Kelly. – a loira passa por ela e as duas a perseguem.
- Quem era aquela pessoa Katrina? Um conhecido seu?
- Não Gene. Eu nunca o tinha visto até hoje.
- Mas ele parecia te conhecer. – Katrina pára de andar e olha para os lados, observando os membros curiosos da tribo ouvindo a conversa – Conta pra gente!
- Está bem Gene, eu falo, mas não aqui! Vamos para a minha cabana.

Sentadas e protegidas dos olhares alheios, as outras duas escutam o que Katrina tem para dizer com atenção. A primeira a gritar é a de orbes negros. Kelly Nikoro é uma garota um tanto desconfiada e de pavio curto. Os seus pais são muito protetores e conservadores, procurando manter peças de gerações da família, como vasos da mansão, intactos. Seus irmãos mais novos não têm tanto afeto por si, mas adoram negociar suas coisas em leilões pela internet.

Cansada disso, ela resolveu fugir de casa, ou mais especificamente do casarão, e acabou se perdendo na floresta quando veio para o interior. Katrina ainda era muito nova durante a época em que Kelly apareceu na tribo Karita, com fome e frio, mas muito pouco assustada. Ela sempre foi forte, corajosa, e em parte se deve ao fato de ter sido criada para ser caçadora de Lista Negra. Porém, antes de ter chance de sair em seu primeiro trabalho e matar a pedido do cliente, fugiu...

Gene Dilatam, a outra integrante do trio, tem cabelos curtos e castanhos, como a cor dos olhos, é a mais baixa da turma e também a mais animada. Já que os pais estão sempre ocupados na lanchonete da qual tomam conta, sendo filha única, Gene sempre ganhou os privilégios de poder sair e se divertir sem o mesmo número de regras que são impostas pelos pais de Kelly para ela, pra que os irmãos sigam o exemplo. Quando soube da tribo Karita foi por acidente.

Ela já era amiga de Kelly desde criança, porque quando os pais montaram a lanchonete foi ao lado da mansão da família. Dois dias depois de fugir de casa, a garota lhe mandou uma carta avisando onde estava. Gene agiu de forma compreensiva para esconder o segredo de sua família e dos Nikoro, mas não se sentiu bem tendo de ficar distante da amiga e sem saber como estava. A partir daí, ela tem visitado a tribo Karita, com a benção da aceitação dos membros, todo dia.

Gene adora as amigas, mas mesmo com uma facilidade enorme para conquistar as pessoas ao seu redor ela nunca teve tantos amigos assim, e por esta razão tem uma maior afinidade com os animais. Assim como Kelly foi aceita pelas habilidades em luta, ela foi por seu contato com os bichos, conveniente pela tribo ser cercada por linces e lobos, seus guardiões sagrados. Devagar, as garotas foram aprendendo as tradições e costumes culturais, se envolvendo mais com a tribo.

Os Karita têm três níveis de governo. A terceira ramificação da sua família supre todas as necessidades da tribo, como comida, roupa e a construção das cabanas. Esta parcela é composta por parentes distantes na linhagem sanguínea, como primos e tios de vários graus, em relação aos membros da primeira divisão. A segunda cuida das relações de amizade e dos inimigos. Os forasteiros precisam sempre passar pelo julgamento desta ramificação antes de entrar na tribo.

Dependendo de sua análise, qualquer um é considerado adversário no campo de batalha e aliado em potencial. Os membros da segunda divisão já são familiares mais próximos, como um primo de primeiro grau e tios chegados, novamente em relação à primeira família. As amigas de Katrina tiveram que passar pelo julgamento do tio mais velho da garota. Finalmente, quanto à família principal, a sua composição é formada pelos líderes da tribo: pai, mãe, filhos e avós.

Katrina é filha única, sucessora de direito ao título de chefe dos Karita, e vivia bem junto aos pais e seu avô paterno... Até os três serem assassinados. Ela e as amigas foram obrigadas a presenciar o ataque e viram quando os assassinos levaram embora pedaços de seus corpos, que tem muito valor no mercado, após ferirem vários outros membros da tribo. Katrina converteu o seu sofrimento em medo de se envolver com forasteiros e uma profunda mágoa pela perda.

Kelly e Gene ofertam conforto à moça desde então, mantendo-a longe do perigo, embora o seu talento para defesa continue muito bom, pelo que se pôde perceber dos reflexos rápidos ao se proteger de Korapaika quando o encontrou!... Mas enquanto que Kelly desconfia das pessoas de fora do território dos Karita e ordena aos linces e lobos um ataque a qualquer hora, Gene prefere acreditar na bondade de algumas pessoas. E ela vota a favor de Korapaika...

- Ele é um caçador de Lista Negra! Nós não vamos nos envolver com ele! – Kelly prefere continuar seu protesto e cruza os braços com raiva.
- Dê uma chance ao rapaz Kelly! – e Gene ainda vota a favor – Você não sabe se ele é bom.
- Se ele está interessado na cultura dos Karita, significa que planeja se infiltrar dentro da tribo, e este é o jeito mais fácil de conseguir a confiança das outras pessoas...
- Ele não precisaria chegar tão longe apenas para conseguir a nossa confiança Kelly. Sua malícia até me espanta! – Katrina ri, puxando a risada de Gene e forçando a amiga a emburrar a cara – Nós estamos vulneráveis desde o último ataque. Os assassinos eram profissionais, além de ter licença de caçadores. A nossa alto-estima está muito baixa para resistir a outro confronto, então este sim seria o jeito mais fácil de nos derrotar...! – morde o lábio inferior – E... – suspira, chamando a atenção das amigas – Eu aceitei a proposta dele.

Demora alguns minutos até que Kelly se acalme após a notícia. Katrina e Gene dão, a sua maneira, conta de convencê-la a dar uma chance aos estrangeiros. Sobre a supervisão dos linces na tribo, as três se dirigem tranquilamente para a clareira, cercada pelos lobos escondidos entre as sombras. Korapaika e os outros estão à espera e ficam observando em silêncio a aproximação. Porém, Killua não está junto a eles. Ignorando isso, o loiro apresenta Gon e Leório.

- Todos vocês são caçadores? – Kelly se manifesta sem muita emoção na voz.
- Somos sim. – Gon sorri abertamente – Quer dizer, com exceção do Killua. Ele fez parte do exame, mas não passou porque teve uns probleminhas. – o sorriso dele fica receoso quando a face de Kelly ganha rugas de desconfiança.
- Vocês são da mesma idade que ele e o Gon, não são? – Leório dirige-se a Gene.
- Acho que sim. – a pequena sorri – Eu tenho quinze anos e a Kelly também.
- Então eu acertei. – o médico ri cheio de si.
- Que legal! – Gon se anima – Espera só até o Killua saber disso. – nesse momento os lobos começam a uivar, anunciando a presença de alguém que se aproxima.
- Oi gente! Eu demorei? – o grupo de lobos que sempre rodeia Kelly cerca-o, afastando de todos, enquanto a mesma chega perto em um vulto tão rápido que, sem ninguém notar, os dois se apontam as garras afiadas das mãos nos pescoços um do outro.
- O que você está querendo fazer? – Killua a encara friamente, assim como ela.
- Matá-lo! – Kelly nem se importa em responder.
- Posso saber por quê? – a garota fica quieta – Então?...
- Você cheira a sangue... E todos aqui concordam. – ele olha ao redor e observa os lobos, o encarando e rosnando, e a loba branca está mais perto dos dois, sentada e quieta.
- Como é? – os amigos o encaram com suspeita – Ei, eu não matei ninguém gente, eu juro!
- Claro que já matou! – Kelly insiste – É um assassino!
- Você está certa, mas só em metade... Eu não sou mais assassino. – Gon dá alguns passos até o circulo de caninos sem medo.
- É verdade! Killua não é mais assassino! Ele só sabe algumas técnicas porque ensinaram desde que era criança. Pode acreditar!
- Killua? – ela estranha – Killua Zaoldyeck?... – sorri de repente e abaixa a mão. Ele faz o mesmo – Como não é assassino? Já ouvi falar da sua família; todos são iguais!
- Mas eu não sou mais como eles, e estou tentando passar o maior tempo longe de todos... – ele olha para a loba – Por que ela está me encarando?
- Esta é Bosom, a líder desta alcateia. Se você fizer algum movimento que ela julgue ter o mínimo de perigo, ordena o ataque e você morre! – ela se afasta séria para perto de Katrina – E ainda acha que eles prestam? – a loira fica sem reação.
- Olha, o Korapaika explicou a situação... Se nos deixar ajudar, nós podemos resolver seu problema. – diz Leório.
- E como posso ter certeza de que não vão nos trair? – Kelly insiste.
- Se o problema é esse, nós podemos fazer um teste. – Gon sugere, chamando a atenção de todos – Podemos resolver um desafio que você nos der, e se passarmos, nos deixa ajudar!... – Killua, nervoso, olha-o e segura sua blusa com pressa.
- Gon, seu idiota!... E como você tem tanta certeza de que não vamos acabar perdendo? Como ia ficar o Korapaika?
- Não se preocupa Killua, a gente consegue! Você se lembra dos treinamentos de uns dias atrás? – ele sorri, fazendo o garoto largá-lo com um bico.
- Ok, eu concordo com isto!... – diz Kelly – Mas se perderem... Terão muito trabalho para me convencer a poupar suas vidas! – ela dá de costas – Sigam-me.
A garota começa a andar na frente. Bosom dispensa o bando com um latido e a segue. De maneira discreta, Katrina chega perto deles com um meio sorriso.
- Não se preocupem. Ela é um pouco temperamental, mas é muito divertida depois que se conhece! – ri baixinho, fazendo-os sorrir.
- Sério? Não deu pra notar...! – Killua resmunga, também saindo na frente.
- De onde vocês vieram? – Gene cochicha para Gon.
- Da Ilha da Baleia. Foi lá que eu nasci. – o garoto responde e ela sorri.
- É um lugar bonito. Eu já visitei com meus pais... Você gosta de animais?
- Gosto sim! Eu fiz amizade com muitos lá em casa!
- Eu também os adoro, principalmente ursos! São tão fofos!
- Verdade? Eu tenho muitos amigos ursos! – a esta altura, o volume da conversa já subiu.
- Sério? Ah, eu gostaria de conhecê-los! Aqui só tem linces e lobos. – suspira desanimada.
- Sabe... Eu tenho habilidades que aprendi em casa. Você é rápida? – ela ri e ele também.

A tribo entra em alerta quando o grupo chega. Katrina acalma a todos e explica tudo que os membros precisam saber. Korapaika a observa atentamente, olhando com aparente fascínio o lar da moça. Terminada a explicação, os mais velhos permitem o prosseguimento do julgamento sugerido por Kelly. A garota se volta com um sorriso para os quatro enquanto os outros ficam a uma distância segura do cerco feito pelos animais.

- O caso é simples... Eu vou lutar com um de vocês até que alguém vença. – surpreende-os – Quem se candidata? – Killua nem pensa duas vezes e se dirige a frente, ficando em posição.
- Vai ser mole. – comenta, fazendo-a rir.
- Se eu fosse você, não me subestimaria!
- Digo o mesmo. – aponta na direção dela – Quando eu vencer, você vai entender por que.
- Devia tirar logo este sorrisinho da sua cara! Ou quer que eu tire no seu lugar?
- Se conseguir... Eu só quero ver você tentar! – ele puxa parte da pele próxima ao seu olho, em sinal de deboche, e Kelly perde a paciência.
- Você tem muita coragem para me irritar, mas vai perceber que foi um completo erro!
- Ele é sempre assim? – Gene sussurra para Gon.
- É. – ele ri e olha para ela – E a sua amiga?
- Não. Tem dias que é pior. – os dois começam a rir alto, chamando a atenção de alguns.
- Gene, não confraternize com o inimigo! – a garota pára de rir e afasta um passo de Gon.
- Você vai lutar ou vamos ficar nisso o dia todo? – Killua grita e dá um passo pra frente.
- Muito bem... – Kelly suspira e afasta as suas pernas, erguendo as mãos – Estou pronta.

Continua...

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