A Dona do Pedaço

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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Cap. 1

Oi pessoal! Quem conhece meu trabalho talvez saiba, mas caso não saberá agora, que esta é minha primeira história original publicada. Eu tenho muitas outras que pretendo lançar na internet também, mas somente depois de patenteá-las e transformá-las em livros. Quando eu fiz "Sapatinho de Cristal Dourado" não pensei nesse detalhe, apenas quis fazer uma homenagem ao emocionante filme Cinderela estreado em março deste ano (2015).

Ao final desta história, vocês poderão acompanhar meu parecer sobre ela e uma mensagem dos estúdios Disney, que alías já fica bem explícita no filme em questão para quem assistiu. Quem ainda não viu, dá tempo! Corra para os cinemas, deixe a magia te contagiar e divirta-se! ^^

Notas: Esta história e seus personagens são de minha inteira autoria.
A imagem da capa aqui apresentada não pertence a mim.
As palavras entre aspas (") representam uma leitura, conversa por telefone, um pensamento ou referências a coisas já mencionadas.
Esta história só está disponível para tradução em outras línguas. Sua publicação em outras áreas sem os direitos autorais é um caso de plágio.


Sinopse: Belinda Roald sempre foi tachada de egocentrista pelos colegas da turma por ser uma ótima aluna em todas as matérias, então começou a ser ignorada no ensino médio, excerto pela amiga de infância, Kimi Okilani. Recebendo apoio dos pais e da única amiga, dedicou-se ao campo da publicidade e quando completa 22 anos recebe a oportunidade de emprego, além da notícia de que Kimi está noiva de seu namorado da época da escola, Nicolas Draco.

Belinda inicialmente aceita se tornar a madrinha da amiga, contando com o apoio de seu novo amigo Enzo Sartori, mas sendo Nicolas seu maior confindente nos momentos de raiva e frustração do passado, ela logo se dá conta no reencontro de que seu carinho e respeito por ele só aumentaram com o passar dos anos, transformando-se em amor. Com as emoções colidindo dentro do peito, a moça toma a iniciativa de aprender tudo que precisa saber sobre casamentos o mais rápido possível para preparar a cerimônia mais inesquecível de todas, mesmo sendo a pessoa que mais gostaria de esquecer...

Cap. 1

Oi. Se eu estou bem? Ah, não!... Hoje não... Ei, você já se sentiu deslocado? Já fez alguma coisa da qual se arrependeu muito? Gostaria de ficar com alguém que não pode alcançar? (Risos) Minha resposta é sim para todas essas perguntas. Por quê? Ah, eu fiz algo terrível a uma pessoa muito querida no dia mais importante da vida dela, e tudo só começou porque estava bastante entediado. Quer saber a história?
Bom, as pessoas se recusam a me ouvir depois de tudo, então ficarei feliz se você escutar. Ah, é verdade, eu não me apresentei! (Riso) Mas prefiro deixar meu nome para depois, se não se importa. Assim talvez seja mais provável prender a sua atenção até o final, antes que consiga imaginar o tamanho do estrago provocado por mim e desista de entender a minha versão. Acha que é exagero da minha parte? Veremos então...
Como eu dizia, minha história aconteceu quando fui acometido por um tédio com proporções imensas. Sendo mais justo, as coisas estavam ótimas, mas só pioraram por culpa de um sapatinho de cristal dourado.
...
Dependendo do ângulo de visão, qualquer um pode ser protagonista. Todos têm a sua própria história para contar, mas esta, independente da perspectiva usada, não pode ser sobre outra pessoa além de Belinda. Belinda Roald poderia ser descrita como a musa de inspiração para muitos homens, dentre eles o próprio pai, seus colegas de escola e até mesmo estranhos na rua, mas especialmente ela sempre fora a musa de Nicolas Draco.
Seus longos cabelos cacheados, que tranquilamente percorriam as suas costas num desalinho até o princípio das cochas torneadas, atraiam a atenção dele ao menor sacudir. A cor apagada de um tom amendoado e aquela franja que lhe cobria as sobrancelhas das mais finas condiziam bem com a pele branca, a qual parecia ter sido mergulhada em pó de arroz. Talvez por ser privada da luz do sol, pois Belinda raramente se expunha.
Suas vestes sempre foram longas, com mangas, mesmo se curtas, e poucas vezes o tamanho decoro notável pelo seu comportamento tímido e recatado fora esquecido para que ela tivesse coragem de ultrapassar três dedos de qualquer roupa a ponto de formar um singelo decote. Por menor que fosse, seus alteados seios medianos dariam conta de chamar a atenção do grande corpo de admiradores a sua volta, mesmo abaixo do cabelo.
Francamente, o fascínio de Nicolas por esses fios só não era maior do que pelos olhos. Os olhos de Belinda reluziam como dois diamantes azuis, refletindo seu enorme encantamento pela arte, a música, as coisas feitas à mão e a escolha minuciosa de cada palavra bordada em livros de poesia e romance. Mas eles também escondiam algo além nas suas profundezas, embora ninguém pudesse dizer com certeza.
De fato, a única pessoa próxima o bastante para entender aquela pequena criatura, de pés tão delicados e mãos macias, era Nicolas. Isso porque ele sempre fora seu maior confidente. Eles chegaram a estudar juntos na mesma turma do mesmo colégio, contudo somente se falaram pela primeira vez depois de quatro anos, quando Belinda estava bem perto do seu inesquecível aniversário de quinze anos.
Ela guardava no peito a esperança de melhoras em sua vida conturbada e decidira naquele dia passar na biblioteca da escola antes de voltar para casa. Fez sua costumeira rota até a seção de romance e procurou na estante de livros novos alguma coisa capaz de despertar seu interesse e assim distrai-la da ansiedade do início das férias. Aquele seria um longo período de merecido descanso até o recomeço das aulas em um mês.
Belinda achou um livro que considerou interessante, com uma chamativa capa dos mais diversos tons vermelhos e dura para sustentar a grossura das páginas, mas ele nem ao menos se mantinha próximo de seus dedos. Com pulinhos e pulões ela tentou pegá-lo, entretanto conseguiu ficar suada antes de chegar perto do objetivo. Seus lábios afilados e rosados se comprimiram pela frustração do esforço em vão, então alguém apareceu.
O braço forte se estendeu ao livro em questão e o retirou da prateleira, pousando-o delicadamente nas mãos da moça. Quando Belinda se virou lá estava Nicolas, sorrindo e de uma forma muito mais enaltecida do costumeiro. Para ela o rapaz alguns meses mais velho poderia ser considerado um nobre salvador, todavia dificilmente um príncipe. Ele não tinha esse tipo de aparência. Os príncipes de fábulas eram robustos e galantes.
Embora Nicolas tivesse um corpo bastante viril, os seus dedos finos e o rosto tão feminino descriminariam tal alcunha. Ainda assim, a jovem o fitou por algum tempo e nem se deu conta de que ele também estava muito quieto. Os cabelos da cor da castanha de caju, levemente ondulados, sacudiram pelo vento da janela mais perto, abanando uns fios entre seus olhos achocolatados, hipnotizando-a por um momento.
Ela desceu os olhos pelo pescoço dele, se dando conta da clara diferença de altura já que em postura ereta sem esforço podia mirar de perto o pomo de adão movendo-se, e constatou também a tonalidade quase morena da pele. Belinda só veio notar que estava prendendo a respiração quando Nicolas fez menção de falar e a proeminência laríngea a assustou pelo balançar repentino, fazendo-o segurar uma risada.

- Era esse o livro que você queria? – ela acenou levemente.
- Sim. Obrigada por pegá-lo para mim.
- Não tem de quê... Você é da minha turma, não é?!
- Sou, mas nós nunca nos apresentamos. Meu nome é Belinda. – ele sorriu.
- Um nome apropriado. – o comentário a ruborizou, e isso o cativou ainda mais – Sou o Nicolas, mas pode me chamar de Nick como meus amigos.
- Bem, obrigada por ter me ajudado. Foi muito gentil. Até.

Belinda estava disposta a sair correndo dali, e a julgar o nível de sua proximidade com homens, limitado pela interação com o pai na época, aquele foi um comportamento compreensível. Porém, Nicolas não pretendia deixa-la fugir tão fácil. Ele tomou a mão da linda moça e aquela acabou se tornando sua primeira atitude impensada, como todas as outras passariam a ser quando relacionadas a ela.
Talvez, se o rapaz soubesse o quanto sua vida se tornaria bagunçada, girando até ficar de cabeça para baixo, por causa desse simples gesto, tomaria outro rumo... Ou não.

- Como eu nunca reparei em você antes? – mesmo repercutindo a pergunta em voz alta, ele a fizera para si mesmo, sem esperar real resposta.
- Talvez não tenha olhado com atenção. – ela disse ainda encabulada, encarando o pulso preso entre os dedos do jovem – Mas nós temos uma amiga em comum.
- Verdade? Quem? – Belinda tentou puxar o braço levemente, desconfortável com o sorriso displicentemente aceso de Nicolas.
- Kimi. – limitou-se a responder, e ao ouvir aquilo o rapaz afrouxou o aperto de forma inesperada, dando à sua futura musa chance para trazer a mão de volta ao peito.
- Kimi... Kimi Okilani? – ela acenou em afirmação – Entendo... – e o sorriso dele decaiu rapidamente – Vocês são amigas há muito tempo?
- Sim, desde crianças. Ela fala muito bem de você.
- Então por que nunca me cumprimentou quando me via? – Belinda baixou ainda mais a cabeça e Nicolas soube na hora, pelo rubor das bochechas dela, que era bastante tímida; seu coração já estava fisgado – Bem... Então, agora que nos apresentamos, não é problema se nos encontrarmos para conversar mais vezes, certo?!
- Ah... Sim... Tenho certeza que Kimi gostaria disso.
- Certo, mas se quiser falar comigo sobre qualquer coisa, a qualquer hora, pode vir me procurar também, ok?! Se não se sentir confortável em conversar com Kimi, ou até se quiser uma opinião diferente, eu serei todo ouvidos. – aquele era o tipo de coisa que a moça nunca tinha escutado de mais ninguém, excerto dos pais e da própria amiga, e isso encheu seu coração de uma alegria descomunal em segundos – Amigos?

Quando Nicolas estendeu a mão direita para cima, esperando a confirmação para o contrato repentino que estava oferecendo de companheirismo e afeto, Belinda viu ali um raio de esperança luminoso como nenhum outro. Era sua chance de ouro de fazer todos aqueles alunos cruéis, que a enxotaram da turma no começo do ano e passaram a ignorá-la com inveja de seu talento nato para os estudos, aceitarem-na novamente.
Ele poderia fazer aquilo por ela, ainda que inconscientemente, pois o amigo de sua amiga também era popular. Com duas pessoas plenamente capazes de atrair todos para o seu cerco de alegria, ela poderia ser incluída naquele meio finalmente e nunca mais teria de arranjar desculpas ao explicar pros pais a razão de voltar deprimida do colégio todos os dias. É claro, esse era o tipo de coisa que nunca poderia pedir a nenhum dos dois.
Belinda não teria coragem de se aproveitar da situação daquela maneira, por mais gentis que eles fossem de fato, então resolveu apertar a mão de Nicolas com disposição para aceita-lo como um amigo cheio de benefícios. Dentre eles, estava o alivio de poder conversar com alguém realmente disposto a ouvi-la e aconselhar, não apenas entretê-la e diverti-la para se esquecer dos problemas como fazia Kimi.
O rapaz sempre cumprira o que prometera naquele dia. Ele corria ao seu encontro sempre que precisava, bastava chamar, e então passavam horas falando sobre quase tudo do mundo, assuntos diversos capazes de percorrer caminhos longos a ponto de fazê-los esquecerem de detalhes mundanos. Seu ponto de encontro passou a ser o parque perto do litoral, que dividia igualmente a distância entre suas casas.
Lá, ambos sentavam num banco e aproveitavam a brisa do mar e a vista da praia, ao som de pássaros locais e protegidos do sol na sombra de árvores gigantes. Contudo, o encanto daqueles dias ficou ameaçado no dia em que Kimi anunciou o seu namoro com Nicolas. Quando Belinda descobriu, àquela altura toda a escola já devia estar sabendo pela quantidade de fofocas espalhadas nos corredores. Ela seria uma ameaça de novo.
Se antes a recriminavam por um talento inculpável, certamente todos arranjariam uma maneira de culpa-la por estar se encontrando as escondidas com o namorado de sua melhor amiga. Mesmo não havendo nada de mais naquelas longas conversas ao pôr do sol, era questão de tempo até alguém descobrir e espalhar intrigas dum comportamento duvidável. Kimi iria odiá-la e Nicolas também sofreria pelo abandono daquele encanto.
Ele perderia o posto como príncipe da escola rapidamente, então Belinda preferiu se afastar, para permitir que o reinado permanecesse sem ameaças. Com a formatura, ela partiu silenciosamente com uma breve despedida a Kimi e sem se reportar ao seu amigo, decidindo fazer uma faculdade de publicidade bem longe dali para a princesa nunca vir a desconfiar de sua proximidade com o amado dela. Seria um segredo seu com Nicolas.
Durante quatro anos o plano pareceu ir bem, e durante esse novo caminho Belinda conheceu um grande amigo, Enzo Sartori, com quem passou a dividir tudo. Se antes era Kimi sua fonte de entretenimento e Nicolas o refúgio do sofrimento, Enzo surgira como um alicerce capaz de solucionar seus problemas e ainda confortá-la com muitos passeios divertidos, mesmo não podendo atender sempre que fosse chamado.
Eles tornaram-se inseparáveis, e ambos priorizavam o trabalho antes de namoros, o que tornava tudo perfeito. Logo os dois foram aceitos para trabalhar em uma empresa de propaganda como novatos em ascensão, recebendo ótimas recomendações dos seus professores e rapidamente sendo inclusos pra trabalhar em uma nova campanha. Belinda alcançara os 22 anos, e ao lado de Enzo, que chegara aos 24, possuía altas expectativas.
Todavia, o destino estava disposto a pregar uma peça que os desviaria de sua bela trilha do sucesso, sempre ansioso por testar os de coração fraco. Claro, o objetivo não se simplificaria em brincar com seus sentimentos, apenas checar a prioridade para a qual o turbilhão de emoções os dirigiria. E assim, um dia Belinda recebeu a ligação de Kimi. O olhar de pânico quando vira o número gravado no celular denunciou um medo antigo.
Ao atender, procurando disfarçar a rouquidão na voz, ela teve uma surpresa.

- “Bel, querida, como você nunca mais me ligou nesses anos todos? Estou muito triste, sabia?! Eu tentei tanto te contatar e não acredito que foi preciso caçar seus pais e pedir o número novo do seu telefone para eles! Meu irmão Mamede teve sorte de ver os dois passeando no shopping, por que se não aposto que nunca mais nos falaríamos!“ – a enxurrada de palavras liberadas de uma vez pela boca de Kimi não deixaram Belinda se dignar a responder, provando que a amiga não mudara em nada nesse meio tempo – “E agora pode dizer por que desapareceu sem considerar a sua melhor amiga?”.

A pergunta concluíra a dúvida de Belinda: Kimi nunca descobrira o que a forçou a se afastar, e dessa forma ainda a considerava uma valiosa amiga.

- Eu sinto muito Kimi... Eu tive meus motivos, mas... Não posso te contar.
- “Como não pode? Nós contávamos tudo uma para a outra antes!”. – nem tudo, é óbvio, mas a princesa não sabia disso – “Foi alguma coisa muito séria? O que pode tê-la assustado tanto a ponto de não ter me mandando uma mensagem em quatro anos?”.
- Eu... – Belinda quis contar tudo naquele instante, tentada a acabar com tanta dor acumulada por uma separação mal interpretada, porém, respirou fundo e preferiu mentir – Eu estava querendo me afastar de todos daquela escola. Você sabe por quê.
- “Sim, mas até de mim? Eu nunca te fiz nenhum mal!”.
- Eu sei disso Kimi, você sempre foi boa comigo e... É exatamente por isso que eu precisei me distanciar de você. Eu tinha que tentar amadurecer, alcançar meus objetivos sem ajuda, entende?! – e aquilo não era mentira, apenas um dos motivos.
- “Sei... Mesmo assim foi cruel, você precisa se redimir comigo!”.
- Claro... – Belinda sorriu e sentou na cama de seu quarto, olhando pela janela e balançando os pés numa animação infantil que a muito não experimentava – E o que eu posso fazer por você? – Kimi riu do outro lado da linha.
- “Sabe... Eu tenho uma grande novidade, e certamente foi o maior motivo para ter insistindo em te contatar novamente.” – Belinda parou de se mover com certo receio – “Adivinha só... Eu vou me casar!” – o sorriso dela murchou em segundos, enquanto nos seus arquivos de memórias passaram voando as lembranças sobre Nicolas, e então veio um medo surreal – “Você se lembra do Nicolas, meu namorado do colégio, certo?! Pois então, nós estamos noivos! Não é incrível?” – “incrível” não seria a palavra que Belinda queria usar naquela hora – “Eu quero muito que você seja a minha madrinha, e não vou aceitar recusa!” – aquela era Kimi, a princesa carismática, mandona e audaciosa.

A surpresa de Belinda não foi pela notícia, mas sim por perceber que ela a abalara de uma maneira inesperada. O casamento de Kimi realmente não seria considerado algo surpreendente, uma vez que todos na escola, e já incluindo a própria Belinda, esperavam pelo dia de receberem um convite descrevendo a cerimônia dos sonhos de toda menina: uma verdadeira obra dos contos de fadas.
Evidentemente, para toda princesa esperava-se o casamento com um belo príncipe. Para tanto, lá estava disponível Nicolas. Esse foi o detalhe que perturbou Belinda. Kimi poderia casar com quem quisesse, menos com ele! Por quê? Bem... Porque ela o amava.

- “E então, você aceita ser minha madrinha?” – a resposta pulou de sua garganta.
- Sim. – Belinda nunca aprendera a recusar Kimi, e isso logo lhe custaria caro.

Continua...

Lista de Personagens Principais:

Família Roald: Belinda (filha), Silmara (mãe) e Gonçalo (pai)
Família Draco: Nicolas (filho), Lara (mãe), Diego (pai) e Leandro (caçula)
Família Okilani: Kimi (caçula), Mainara (mãe), Kaleo (pai), Mamede (filho mais velho), Mahara (filho)
Família Sartori: Enzo (filho mais velho), Alessa (mãe), Enrico (pai), Geovanna, Giuliana e Graziela (trigêmeas, da mais velha para a mais nova)

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