A Dona do Pedaço

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pizza Doce

OBS: Eu trabalhei com o nome da C.C. como sendo Cecilia Corabelle (a especulação mais feita pelos fãs) na fanfic, de forma que todos sabem como ela se chama, embora na história original nunca tenha sido confirmado seu nome e apenas Lelouch o conheça.

Título: Lindo e Gostoso

Notas:
1: Code Geass não é de minha autoria.
2: Todos os personagens fora do universo de Code Geass são de minha autoria.
3: As imagens usadas nesta fanfic não me pertencem, mas as montagens da capa e dos capítulos 6 e 9 foram feitas por mim.
4: Palavras em negrito (letras escuras) são para enfatizar algo no diálogo. Palavras em itálico (letras inclinadas) diferenciam nomes de origem estrangeira. Palavras maiúsculas (A-B-C) servem como grito para os personagens. Palavras entre aspas (") representam uma leitura, conversa por telefone, um pensamento, referências a coisas já mencionadas ou algo não literal, ou seja, que não ocorre exatamente como foi dito. Palavras entre parênteses [( )] são acréscimos para a história, como comentários meus sendo narradora/personagem ou informações relevantes.
5: Aconselho assistirem ao anime para reconhecerem alguns personagens da série que serão retratados nesta fanfic.
6: Esta fanfic só está disponível para tradução em outras línguas. Sua publicação em outras áreas sem os direitos autorais é um caso de plágio.



Sinopse: Lelouch é o dedicado irmão de Nunnally e bom amigo dos recém-casados Suzaku e Euphemia. Enquanto o casal trabalha em sua própria doceria, ajudando a tomar conta de sua irmã mais nova, para sustenta-la, ele aceita um trabalho de entregador em uma pizzaria, mesmo odiando pizza. Antes que perceba, acaba virando o entregador oficial de C.C., a filha rica de um poderoso magnata falecido, que ama a iguaria.


Cap. 1
Pizza Doce


A pizza é uma invenção dos anjos ou dos demônios? A história diz que a primeira pizza apareceu há mais de seis mil anos e era só uma fina camada de massa, conhecida como “pão de Abrahão”, que os hebreus e egípcios consumiam. Ela se parecia com o nosso pão sírio atual e era chamada de “piscea”, daí o nome pizza. Depois dos italianos e de uma porção de padeiros napolitanos, formou-se a primeira pizzaria: a Port Alba.
Ela era um grande ponto de encontro de artistas da época. De Nápoles para o resto do mundo foi um pulo, pois os imigrantes a levaram pra vários países e a popularizaram, e logo instituiu-se o Dia Internacional da Pizza, comemorado em 10 de julho. Para C.C., a invenção é abençoada. Pela possibilidade de seu preenchimento com diversos sabores, ela se viciou na iguaria, desejando provar todas as criações existentes.
Ao menos uma vez por semana, C.C. está com um pedaço da massa crocante na boca, degustando com calma e um grande sorriso. E existe alguém que nega a perfeição alimentícia? Sim, existe. Seu nome é Lelouch Lamperouge. Órfão, o atraente e franzino jovem começa a trabalhar hoje na pizzariafavorita de C.C. nesta cidade, a Pizza Hut. Já tendo feito amizade com o chefe, ele recebe explicações da sua função como entregador.
Quem o orienta é Kallen Stadtfeld, a garçonete veterana no estabelecimento. Por curiosidade, ela é colega de quarto da nossa citada protagonista, C.C., que se viu levada a trabalhar temporariamente na pizzariapra pagar o aluguel estabelecido pela prima, no tempo em que estiver usando sua bolsa de estudos da faculdade na área próxima. Ainda que as duas conversem pouco e não sejam amigas, aprenderam a conviver juntas.
Isso porque uma das vantagens da mansão herdada por C.C., filha de um magnata poderoso e muito carrasco, de quem ela se livrou após sua morte há dois anos, é que o local é espaçoso o suficiente para cada uma manter sua privacidade. A ironia aqui está em Lelouch odiar pizza, e agora, além de ser um entregador na pizzaria mais famosa da cidade, acaba de receber seu primeiro pedido de entrega de alguém que ama a massa.
Ele e C.C. nunca deveriam se encontrar, ou acabaria ocorrendo uma desgraça com muito molho de tomate espalhado pelo chão, mas o motoboyque costuma ir à casa da moça pediu dispensa, então o novato deve substitui-lo.

- Este endereço não é no bairro onde fica aquela mansão luxuosa? – o jovem de 24 anos questiona ao se dirigir para a moto do comércio, carregando a pizza solicitada em uma mão e o papel com o endereço de entrega na outra.
- É exatamente lá. – Kallen alerta ao segui-lo, aproveitando o pouco movimento na pizzaria para também se ocupar em limpar o avental sujo do uniforme com um lenço molhado – Você vai entregar para a C.C.
- “C.C.”? – ele se vira confuso após colocar a caixa ao lado do refrigerante de dois litros e fechar a bolsa – É o apelido de quê?
- Cecilia Corabelle. – os olhos de Lelouch se arregalam instantaneamente, fazendo a moça rir – Todo mundo tem essa reação quando escuta o seu nome. Ou melhor, o seu sobrenome. Por isso ela prefere ser chamada apenas de C.C.
- Você diz como se a conhecesse intimamente.
- Bem, “intimamente” não, mas nós somos primas. Agora eu estou pagando minha hospedagem na casa dela até terminar a faculdade. Escute, vou te dar um conselho: não se importe muito com o que ela te disser. C.C. é uma bruxa!

O rapaz não responde de imediato, e mesmo se quisesse nem teria tempo, pois ela logo sai correndo na direção de outra mesa. Assim, ele sobe na moto e segue na direção indicada. Na mansão, C.C. ainda nem levantou; apenas fez seu pedido sonolento para a conhecida recepcionista pelo telefone exclusivo de cliente VIP. Bem, como herdeira de uma imensa fortuna, ela não vê razão para sair da cama antes das dez da manhã.
Se espreguiçando, com olhos semiabertos, a esbelta e atraente jovem caminha sem as costumeiras pantufas brancas na direção do banheiro, se trancando lá. A empregada Shirley Fenette já preparou seu banho com ervas. Passados quinze minutos se mantendo mergulhada, relaxando a cabeça no encosto da banheira, ela sai coberta com uma toalha verde felpuda e caminha para seu imenso closet.
Escolhendo o seu macacão branco costumeiro, de enormes mangas boca de sino, a moça desce as escadas para o salão e vasculha o ambiente com cuidado, verificando a localização dos poucos criados que a servem. É quando um barulho chama sua atenção. Shirley abriu o portão. Considerando que passa muito tempo cuidando do vasto jardim e do gato preto de estimação da patroa, é lógico ter visto primeiro a chegada do motoboy.
C.C. abre as cortinas da janela da sala e observa, sem qualquer expressão, os dois conversando gentilmente à beira da entrada.

- Ah, senhorita C.C., acordou?! – a aproximação sutil da líder da criadagem, Milly Ashford, chama a atenção dela – Sua pizza...
- Eu percebi. – a senhorita a interrompe séria, voltando a olhar para fora – Quem é aquele? – a governanta espia pela janela também, um pouco distante.
- Eu não sei. Deve ser um novo entregador.
- Por que trocariam o entregador, sabendo que eu proibi isto? – a jovem questiona mais para si mesma e fecha as cortinas.
- Quer cavalgar hoje? – C.C. nega com a mão sem encarar Milly e abre a porta.

Quando Shirley escuta o barulho, automaticamente se afasta de Lelouch, como se tivesse recebido um choque elétrico. Ele não compreende o motivo do sorriso da garota ter morrido, até ver a bela patroa sisuda parada na porta. Receoso, mas curioso, o rapaz sobe os poucos degraus até chegar perto da porta e estende a pizza e o refrigerante.

- Quem é você? – a moça questiona sem se mover.
- O entregador de pizza. – o Lamperouge responde simplesmente.
- Eu sou uma cliente seletiva e não gosto de receber gente diferente na minha casa todo o tempo, especialmente se for obrigada a vê-los. Por isso, há dois anos, sempre me mandam o mesmo entregador para trazer os meus pedidos. Então, quem é você?
- Eu sou um empregado novo, cujas mãos estão cansadas de esperar você pegar o pedido. E só para saber, não é obrigada a ver os entregadores. Basta fechar os olhos.

A ousadia deveria ter causado um ataque de ira na ouvinte, contudo ela apenas se mantém calada, assim como os observadores. Ao contrário de outras vezes, em que um mordomo recebeu o pedido e o pagou, a própria destinatária do produto faz isto depois de seu gato aparecer para desperta-la, se esfregando em suas pernas.

- Você não pediu troco, pediu?! – ele encara o bolo de dinheiro recebido.
- Eu não recebo trocados. – Milly se apressa em pegar o refrigerante das mãos de Lelouch enquanto o mesmo ainda troca olhares com a chateada C.C., segurando a caixa de pizza – Você é muito franzino. Não costuma comer?
- E você é muito magra para quem se entope de pizza.
- Pelo menos eu sou atraente. – a jovem sorri com escárnio, finalmente irritando o rapaz – Diga ao seu chefe que se ele me mandar você de novo para entregar meu pedido, vou parar de comprar lá. Permanentemente.

Dito isso, ela bate a porta e grita um “adeus” do outro lado. Bufando, ele desce a escadaria e sai da mansão, retornando à pizzariacom mais energia do que quando saiu. Kallen nota a clara mudança de humor do recente colega de trabalho, mas não intervém. Mais tarde, saindo do emprego, Lelouch pega sua moto pessoal e dirige até a doceria de seus velhos amigos de infância casados, Suzaku e Euphemia Kururugi.
Ambos o ajudam a cuidar de sua irmã mais nova, Nunnally, desde que os pais dos dois faleceram, bem como os do casal. A dita caçula, inclusive, trabalha com a dupla na doceria como pode, estando presa a uma cadeira de rodas, mas não olha suas limitações. É uma garota animada e bondosa, e sua fofura é equiparável ao porte atraente da esposa de Suzaku. Euphemia atrai, todos os dias, milhares de clientes masculinos para a loja.
Isso deixa o pobre marido enciumado sobre o muro, indeciso entre a proteção do seu bem mais precioso e o ganho do dinheiro. Entre o sim e o não, ele prefere controlar seu temperamento na medida do possível quando percebe os olhares gordos dos clientes. O entregador chega bem quando a moça está tirando o lixo.

- Lulu! – ela o cumprimenta com um sorriso e um abraço caloroso – Como está?
- Bem. – ele devolve o cumprimento – Vamos entrar? Aqui fora está frio. – a sua amiga concorda com a cabeça e os dois passam pela porta dos fundos da loja.
- Lulu! – Nunnally sai detrás do balcão, mais especificamente de perto do caixa, e leva a sua cadeira de rodas até o irmão quando o avista – Que bom que chegou!
- Oi Nunnally. – o jovem a abraça apertado, mesmo rápido, e então Suzaku surge detrás das cortinas de botões ao lado do balcão, que dá para o depósito – Suzaku.
- Lelouch. – eles riem e se abraçam, chamando a atenção de alguns clientes – E então, como foi o primeiro dia de trabalho? Correu tudo bem?
- Nem te conto. – o amigo suspira – Podemos conversar nos fundos?
- Claro. – o proprietário sorri e deixa as garotas retomarem o trabalho, seguindo-o para o interior do depósito – Qual o problema?

Os dois sentam em cadeiras, encostando os braços em uma mesa próxima, e nela Lelouch joga o capacete, passando as mãos sobre o rosto. O outro ri da sua frustração evidente, até para ele mesmo, que não quer estar assim.

- Logo no meu primeiro dia, o meu primeiro pedido veio sabe de quem? – Suzaku nega no balanço de cabeça, segurando a clara vontade de rir – C.C.
- “C.C.”? É aquela conhecida filha do magnata que morreu há pouco? – dessa vez, o Lamperouge é quem move a cabeça para confirmar a notícia – Pensei que ela... Qual seu nome mesmo? A mídia não divulga muito.
- Cecilia Corabelle. Parece que ela não gosta do próprio nome e prefere o apelido.
- Isso... Bem, considerando o sobrenome manchado que herdou, não me admira. A sorte foi que conseguiu se desvencilhar da má reputação do pai pagando suas dívidas de jogo. Enfim, eu pensei que ela tivesse seu próprio entregador.
- Eu também, mas parece que ele não suportou continuar entregando pizzas pra ela e deu o fora. Foi o que eu soube dos meus colegas de trabalho... E quando eu fui levar a porcaria desse pedido, eu entendi por que o cara se mandou!
- O que ela fez? Ela te atiçou? – Suzaku gargalha.
- Não! – Lelouch contrai o semblante – Bom... Não e sim. – o Kururugi ergue uma sobrancelha em curiosidade e confusão – Ela me irritou, foi isto!
- Ora, você não costuma se abalar com facilidade. – o ouvinte ri outra vez.
- No começo eu até me segurei, mas quando menos esperava o assunto passou pra nossa aparência. Ela me chamou de “franzino” e eu disse que ela era “muito magra para quem se entope de pizza”. – o proprietário faz uma careta e nega com a cabeça.
- Você fez besteira. Mulher alguma gosta de falar ou ouvir sobre o próprio peso.
- Mas ela revidou! Disse que dentre nós dois, ao menos ela é “atraente”. – Suzaku desata a rir e é a vez do Lamperouge fazer uma careta – Ri porque não foi contigo.
- Ela estava te provocando!... Mas e aí? Vai continuar sendo o entregador dela?
- Ela disse que se o meu chefe me mandasse ir lá outra vez, nunca mais ia comprar naquela pizzaria. Seria um prejuízo; há dois anos ela só encomenda pizza naquele lugar. Mas é claro que eu não disse isso para ele.
- Então o que vai fazer? Continuará entregando pizzaspara a famosa C.C.?
- Acho que sim... Ela me provocou, então que me aguente agora! – analisando por cima, o sorriso de Lelouch parece sádico, contudo, do ponto de vista do seu amigo de infância, ele está mais pra masoquista – Sabe, a prima dela, Kallen, trabalha na pizzaria comigo. Parece que C.C. a deixa viver na mansão onde mora com a condição de pagar o aluguel com o dinheiro que ganha como garçonete.
- Puxa. Acredito que ela não seja a primeira cliente em potencial de um possível investimento financeiro em hotelarias, trabalhando como cobaia, certo?! – os dois riem – Para uma ricaça cobrar hospedagem, só pode ser porque as duas não se dão.
- Isso é certeza. Sabe o que a Kallen disse dela? – o Kururugi permanece quieto, esperando a resposta – Chamou C.C. de “bruxa”.
- “Bruxa”? Nossa!... Ela anda voando de vassoura por aí? – a dupla ri outra vez.
- Não sei, mas ela tem um gato preto. – eles continuam gargalhando.
- Bom, eu acho melhor você se manter bem longe dela, Lelouch. Pelo bem do seu corpinho franzino. – o motoboy fecha a cara com a provocação, assim incentivando o amigo a rir ainda mais, e pega o capacete antes de levantar da cadeira, seguindo pra fora.
- Eu não pretendo gastar energia desnecessariamente. – ele continua quando nota que Suzaku o alcançou – Mas se ela pensa que eu vou negar um trabalho só porque me mandou ficar longe, está enganada. Eu não cedo a provocações.
- Eu sei disso. Só não se exceda demais. – o proprietário pede, parando na entrada enquanto o convidado se aproxima da sua moto – Sei que quer dar um bom futuro para Nunnally, mas sua irmã não é a única família que tem. Pode contar conosco. Euphemia e eu queremos ajudar vocês. – a citada Euphemia se encaminha para o lado do marido.
- Ficaremos de olho nos dois até depois de encontrarem uma boa casa para morar! Vocês são como meus irmãos também!

Lelouch sorri sinceramente e agradece aos dois, se despedindo também da irmã quando esta passa pelo casal e estende os braços para um abraço. Subindo na moto, o entregador retorna ao seu apartamento pequeno e organizado, um cubículo. Se, de fato, não conseguir comprar, ou ao menos alugar, uma casa em um bairro melhor para viver com Nunnally logo, terá que se conformar em visita-la na casa de Suzaku e Euphemia.
Se jogando no sofá, o rapaz pensa nos dois e sorri. Não era inesperado que um dia ficassem juntos, como marido e esposa, considerando o quanto se amam desde o colégio, mas houve dúvidas devido seu curto e pacífico namoro. Muitos acharam que não daria certo, e, no entanto, eles provam o contrário até hoje, agindo como pai e mãe dos irmãos. “De fato, se eles tivessem um filho, redirecionariam esse amor”, o Lamperouge pensa.
Embora a moça espere ficar grávida logo, o casamento ainda é recente, e como foi conservadora, tal qual o rapaz, sobre ter relações antes disto, não é surpresa que o desejo ainda não tenha se realizado. E não é por falta de tentativas!... Por certo, Lelouch admira o autocontrole de Suzaku em tudo. Desde que eles abriram a loja de doces, por exemplo, é o único que passa mais tempo comendo chocolate.
Mas isso não quer dizer que prefira os doces à pizza. Na verdade, para Lulu, uma xícara com chá está boa. Todavia, pensando bem... “Juntar o salgado e o doce não seria má ideia”, ele reflete. Como C.C. reagiria? Talvez não custe ofertar uma ideia ao chefe.


Continua...

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