A Dona do Pedaço

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cap. 2

Cap. 2
O Motivo Para Lutar


Um hospital, duas enfermeiras passando de instante em instante pelo quarto, com três janelas, e mais duas visitantes estressadas com os pacientes quase desmaiados nas camas. Para saber como esta história teve início eu teria que voltar ao momento de ontem, na hora do almoço.

Sem que percebesse, aos poucos todo mundo foi saindo de casa. Leório avisou que ia sair com o Gon e a Gene para comprar calçados novos, e, mais ou menos uma meia hora depois, veio Katri anunciando que deveria demorar na entrevista de emprego.

Nem dez minutos após ela ter saído, quando estava entrando no meu banho, Korapaika avisou que iria fazer o pagamento das contas. Jurei que o Killua havia ido junto, então nem me incomodei em deixar a porta destrancada se só teria a Liana.

O problema é que foi justo o contrário: Liana foi com o Korapaika e o Killua ficou mexendo no computador do quarto dela. Assim que terminei de me lavar ele tinha batido na porta, e já me enrolando com a toalha me lembro de ter gritado que entrasse.

- O que você está fazendo aqui? – eu gritei.
- Ah... Nada... Quer dizer, o que você está fazendo?
- Usando o banheiro! Quer fechar a porta?...
- Mas eu preciso usar agora. – notei que ele estava nervoso, mas claro que não me preocupei com aquilo.
- Não me interessa! Use outro banheiro.
- Qual é Kelly, eu já estou aqui mesmo!
- E agora você sobe para usar um mais longe!
- Quer parar com isso? Você já terminou!

Nós começamos a nos empurrar opostamente, até que um pouco de sabão no chão se misturou com a água escorrendo pelo meu cabelo e de um escorregão caímos. Foi um acidente besta, digno dos filmes de comédia romântica, mas bastou para me paralisar.

Não pensei em nada mais além que havia um garoto embaixo da toalha que abriu, revelando um pouco dos meus seios úmidos sem que eu pudesse evitar. O pior é que não me toquei que o barulho do portão indicava que o Korapaika e a Liana voltaram!

Eles passaram por nós e nos viram lá, deitados no chão, mas como eu não vi nem pude ter tempo de me constranger por jogá-lo para fora da janela e gritar um “IDIOTA!”. O resto do dia foi ótimo, mas o jantar seguiu um silêncio horrível e eu não sabia por quê.

Katrina me contou que escutou a conversa do Korapaika com o Killua naquela hora. Eles estavam questionando algo sobre o “acidente do banheiro”, mas antes que ela perguntasse alguma coisa eu corri de uma vez e me tranquei no quarto.

Hoje de manhã, bastante descansada por ter dormido tão cedo, resolvi sair para respirar um ar e achei o Killua sentado no sofá e vendo televisão. Ele se estremeceu inteiro logo quando viu que estava olhando na sua direção, mas também não fiquei lá.

- Eu vou sair, se alguém me procurar.
- Ah... Certo... Mas o Korapaika disse que nós não devíamos sair até ele e a Katrina voltarem com o café!
- Eu não vou demorar. Tchau!

Bati a porta antes que ele dissesse outra palavra, só que fiquei escutando a voz dele na minha cabeça durante a caminhada pela rua. O maldito acidente martelou por um bom tempo nas lembranças, até que, quando me toquei, já estava perto de escurecer.

Segundo o próprio Killua, quando o Korapaika voltou com as compras e viu ele sentado na cadeira da varanda, olhando para os copos-de-leite plantados por nós dois, estranhou por eu não estar junto. Daí a preocupação da minha demora o fez vir atrás de mim.

Naquele momento eu já estava completamente perdida, perguntando para qualquer um que aparecia na frente onde ficava a rua de casa. Pelo menos um mapa eu devia ter me lembrado de levar, mas eu só queria passar um tempo longe dele quando saí!

Foi quando dois homens mal encarados me viram circulando com aquela cara de aflita e resolveram se aproveitar da situação para me enganar. No estado em que me encontrava, poderiam me dizer que os porcos voavam e eu ia concordar do mesmo jeito da Gene!

Felizmente o Killua me achou bem na hora em que os dois tentaram me atacar dentro de um beco imundo. Fiquei muito feliz, claro, entretanto muito preocupada quando disseram que eram caçadores e ele veio caminhando na direção dos dois sem reação!

Pensei até que ele estivesse surdo... Na aflição que sentia, nem lembrei quem era o Killua. Ele se esquivou bem dos golpes que deram, porém, foi pego na maioria por estar em desvantagem. Assassino ou não, aqueles caras eram bons no trabalho.

Essa foi uma especial razão de eu não ter reagido, o meu nojo por caçadores! Melhorou quando o Korapaika apareceu e o ajudou a afugentar os dois. Infelizmente, acabou que eles terminaram tão feridos que precisaram ser hospitalizados.

Logo que avisei para a Katrina ela disse que iria vê-los na mesma hora. Cheguei ao quarto e os encontrei meio moles, gemendo nas camas. Suas cabeças estavam bem roxas, então eu estranhei...

- Mas o que foi que houve com vocês dois?
- A Katrina bateu na gente, foi isso! – Killua reclamou, virando o rosto.
- Agora pergunte o motivo. – ela devolveu – Vocês não podem ficar fazendo coisas tão perigosas assim!
- Só fomos salvar a Kelly, isso é ruim? – Korapaika passou o saco de gelo para o Killua.
- Ela também não devia ter saído assim. – encarou-me. Sorri ligeiramente.
- Sinto muito Katri, prometo que não farei mais.
- Acho bom. Sabe que não é a mesma coisa de quando estávamos em Tive; se eles não tivessem aparecido como teria terminado?
- É sim, eu sei... – ela provavelmente notou como eu me sentia, ou se arrependida ou a outra razão de estar fazendo uma cara triste, mas mesmo assim não falou mais nada – Tudo bem?
- Claro Kelly, não se preocupe! Nós estamos bem, não é Killua?
- Ah, é... Depois de ter arranjado uma briga por um motivo tão idiota.
- Como assim “motivo idiota”? – elevei a voz.
- Eu podia ter acabado com os caras num instante, mas por sua culpa eu não pude me concentrar!
- E desde quando eu sou um “motivo idiota” só porque você não lutou como queria?
- Bom... Você pareceu mesmo uma garota do jeito que estava com medo àquela hora!...

Não foi preciso ele dizer mais para acertá-lo na cabeça com o maior soco que consegui juntar no punho. A partir daí o movimento das enfermeiras aumentou no quarto, mas, depois da raiva da Katrina, ela começou a cuidar do Korapaika no lugar de uma.

- Oi. E como estão os pacientes?... – Leório e os outros entram, mas param de andar ao ver a diferença do estado dos dois – O Killua chegou mesmo antes do Korapaika, Katrina?
- Bom... Infelizmente sim! – ela solta uma risada.

Continua...

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