A Dona do Pedaço

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Cap. 2


Cap. 2


Na gloriosa Terra dos Contos, é a manhã da véspera de Natal, e do lado de fora do palácio da família real, os quatro prisioneiros da cela 13, do prédio 13 de Nanba, olham para todos os lados do jardim, sem saber o que fazer. Uno levanta um mapa em suas mãos, entregue pelos próprios rei e rainha cisnes, e observa suas rotas por ângulos diferentes.

- Eu não faço a menor ideia do que está escrito aqui. Como vamos chegar até o local que marca o “X” no mapa se não sabemos como andar neste lugar?
- Nós devíamos era estar preocupados em como vamos voltar para Nanba. – Rock relembra – Devíamos voltar por onde viemos e procurar aquela caverna. Se é que nós não estamos mais na prisão. Pode ser que, na verdade, ainda estejamos dentro do complexo, no meio de um evento maluco planejado pelos guardas. Vai saber; Nanba é enorme!
- Mas se estamos mesmo sonhando, talvez a gente não consiga acordar sem antes ajudar as garotas a serem humanas de novo. – Nico rebate, vindo mais atrás dos amigos e sendo seguido por quatro cisnes fêmeas.
- Como fez para elas te seguirem? – Jyugo pergunta, vendo-o erguer uma caixa de palitos doces na mão direita – Chocolate?
- Parece que elas gostam. – o rapaz ri quando a princesa alada tenta escala-lo para comer uma guloseima – Estava na bolsa da secretária do Papai Noel.
- Ah, com certeza aqueles cisnes só querem que a gente vá até esse lugar por causa dessas mulheres! Não deve ter nada lá para nos tirar desta roubada!
- Mas Rock, ouviu aquela princesa dizer que só a fada pode nos mandar para casa. Se elas deixarem de serem cisnes, vão nos ajudar em agradecimento. – o inglês explica, logo sorrindo com malícia – E talvez deem uns agrados a mais.
- Se não conseguimos acordar por conta própria, mesmo sendo nosso sonho, duvido que você consiga o que está pretendendo com alguma delas.
- Não seja estraga-prazeres, Jyugo! Tudo bem, agora, como se lê este mapa?
- Talvez tenha alguém que possa nos levar até lá. – sugere o americano mais magro – Que tal pedirmos carona no trenó daquele elfo ali? – ele aponta para o portão.

Na entrada, uma bela criatura com orelhas pontudas e roupa natalina conversa com os guardas quebra-nozes, pedindo algo. O grupo não pode ver o seu rosto, então se dirige para fora, e logo todos têm uma grande surpresa.

- SEITAROU? – os presidiários falam ao mesmo tempo.
- Sim? – responde o belo homem – Como sabem o meu nome? Ah, Uno! Era aqui que você estava esse tempo todo? Sabia que a senhorita Victória está louca te procurando?
- Sabia. – a rena loira dá um meio sorriso – Já nos esbarramos.
- Oh sim, altezas! – Seitarou se curva em cumprimento – É um prazer conhece-los. Eu sou um dos ajudantes do Papai Noel, Seitarou. Fiquei sabendo que estavam no palácio.
- Certo, certo... O que você está fazendo aqui? – o prisioneiro 69 questiona – Você é um elfo? Embora seja estranho, essa roupa combina contigo.
- Sou um duende. É que nasci com gigantismo. – ele faz uma pausa – Preciso falar com a princesa Usagi, para pegar os presentes de Natal que ela vai doar às crianças.
- Ah, devem ser aqueles que estavam dentro do ovo gigante! – Nico menciona – Só que você vai ter que falar com os pais dela, porque a princesa não vai entender.
- E por que não? – o duende finalmente repara nos cisnes perto dele, arensando.
- Porque ela virou um cisne. – o preso 25 segue – E sua prima, a fada e a secretária.
- E esta é a conversa mais estranha que eu já ouvi na vida. – Rock balança os braços.
- Oh não, que coisa terrível! – o guarda do prédio 13 lamenta, bem como os quebra-nozes surpresos – Isso, eu aposto, foi coisa daquele malvado mago Musashi!
- Foi ele mesmo! – Jyugo confirma – Chegou voando, literalmente, e transformou todas em aves quando deixou várias penas caírem. Como sabe?
- Bem, há muito tempo ele quer casar suas filhas com Vossas Altezas, mas nunca teve a oportunidade de entrar no seu reino. Agora que estavam visitando a família real da Terra dos Contos, ele deve ter transformado a princesa e as outras em cisnes para evitar que tenham ajuda e saiam daqui antes de concretizar seus planos.
- Como é? – Uno faz uma careta – Que história mais louca é esta? O que nos deram para comer antes de apagarmos ontem, heim?
- Do que está falando? – Seitarou ergue uma sobrancelha.
- Ah, esquece! Olha, nos deram um mapa para trazer elas de volta ao normal, mas não sabemos o que, ou quem, devemos procurar, nem como chegar lá. Pode ajudar?
- Deixe-me ver. – o duende segura o mapa e dá uma olhada na direção indicada – Ah, eu conheço este lugar! É a casa do senhor Hajime!
- Do Hajime? – o príncipe japonês repete – Então ele também está aqui?
- É claro. O príncipe conhece ele? Bem, suponho que sim. O senhor Hajime vive nestas terras há muitos anos, mas sua rabugice deve ser conhecida por todos os reinos. – o guarda do prédio 13 dá uma risada, até de repente fazer uma expressão chorosa – Ai, por favor, não digam para ele que eu disse isso!
- Tudo bem, mas você vai ter que nos ajudar a chegar lá. – Rock negocia.
- Querem ir à casa dele? A Montanha Nevada é o território da rainha da neve, e ela não deixa ninguém entrar naquele lugar excerto o senhor Hajime e seu cãozinho.
- Pensei que o Hajime tivesse um gato. – o prisioneiro 15 ergue uma sobrancelha.
- Seja o que for, tem um jeito de transforma-las de volta? – a rena inglesa insiste.
- Acho que sim. O senhor Hajime é o guardião do Livro de Previsões da Floresta. Tudo que foi escrito, ou será escrito, na história da Terra dos Contos está nele. Talvez o livro possa mostrar como quebrar a maldição das senhoritas.
- Ótimo! Se quebrarmos a maldição, elas nos mandam para casa! – Jyugo celebra – Vamos logo Seitarou! Nos dê uma carona no seu trenó! – ele aponta para o veículo atrás do duende, que rapidamente se desespera.
- O quê? Não! Ele não é meu, é do Papai Noel! Eu só tomei emprestado para pegar os presentes da doação. Não posso viajar com ele; eu nem mesmo trouxe as renas!
- Falando nisto, como você dirigiu esse negócio sozinho? – indaga o quebra-nozes americano – Não me diga que esse trenó é motorizado. – os presidiários riem.
- Não entendi, porém, na verdade, ele pode sim voar sozinho. – Seitarou confirma, fazendo os demais pararem – Com pó mágico, é claro. As renas não precisam mais puxar o trenó, mas isso virou uma tradição de Natal, então mantemos por causa das crianças.
- Quer dizer que esse tempo todo eu fiquei preocupado por nada? – Uno bufa – Ah, já cansei! Vamos logo subir essa montanha e terminar com isto!

Dito isto, os prisioneiros logo puxam o guarda do prédio 13 na direção do trenó, e os cisnes também entram nele com o incentivo dos palitos de chocolate. Após o ajudante do Papai Noel receber os presentes doados pela família real, buscados e entregues pelos quebra-nozes, ele aperta um botão no veículo que solta um pó colorido ao redor, fazendo o transporte voar. Em pouco tempo, rumando para o norte, o grupo chega ao seu destino.

- Até que enfim, terra firme! – o preso 11 suspira, colocando uma pata para fora do trenó que flutua perto da beira de um penhasco, quando de repente as pedras quebram e caem, fazendo-o se encolher dentro do veículo de novo – Só que não!
- Seitarou, não tem como você estacionar isto? – o impaciente Rock questiona.
- Eu tenho que voltar e entregar os presentes que faltam. Sinto muito, mas a partir deste ponto, vocês estão por conta própria.
- Fazer o quê. Vamos logo! – o japonês dá de ombros e pisa no solo gélido.

Depois que ele sai sem o menor problema, é seguido pelos cisnes e o estadunidense de cabelo verde. Todavia, na vez dos outros, a rena tropeça em seus cascos, indo de cara na neve, e o quebra-nozes distraído cai por cima dela. Seus amigos não demoram a rir.

- Que droga! É muito difícil andar deste jeito! – o inglês reclama, balançando seus chifres – Rock, saia de cima de mim! Você pesa mais do que o normal!
- E quem mandou você tropeçar nas próprias pernas, rena idiota?!
- Ei pessoal, escutem: – Seitarou os chama seriamente – O senhor Hajime odeia o Natal, então ele vai evitar ajuda-los a todo o custo. Portanto, não sejam grosseiros.
- Não nos diga o que fazer, duende superdesenvolvido! – Uno sacode seus galhos na direção dele, acertando-o com um punhado de cristais de gelo.
- Não se esforce para parecer sério! – o presidiário 69 chuta outra porção de neve, e logo todos estão jogando bolas na cabeça do guarda.
- Você é tão irritante, bonitinho! – eles dizem dentre outras gozações.
- Vocês... VOCÊS SÃO TÃO HORRÍVEIS! EU NÃO TENHO CULPA DE SER BONITO! – o duende se vai chorando aos berros.
- Ah, senti falta disso. – Jyugo toma fôlego – Quase parece que estamos em casa.
- Excerto pelo fato de que estamos no topo de um precipício, em um lugar bastante estranho. – Rock suspira, e logo todos se viram para a porta de madeira entre duas rochas.
- Será que Hajime vai nos deixar entrar? – Nico indaga – Devíamos bater?
- Claro que não! – o príncipe japonês se aproxima da maçaneta – Só me deem um segundo. – e mal ele termina, a porta é rapidamente aberta – Pronto. Vamos!

Devagar, o quarteto de prisioneiros e o dos cisnes adentram o local, subindo a longa escadaria que dá acesso à sala da casa. Assim que ouve os passos dos intrusos, o cão de guarda do morador corre para se colocar entre eles e a próxima escada no corredor.

- Alto intrusos! Saiam agora da casa do meu mestre!
- Kenshirou? – os invasores masculinos dizem juntos, rindo em seguida.
- Você é o cachorro do Hajime?! – o americano mais velho aponta para o homem com orelhas de cão, fazendo uma expressão provocadora.
- Eu não pensei que fosse viver para ver este dia! – o preso 15 segura a barriga.
- Ei, ei, será que o Hajime é um gorila então? – Uno sugere entre gargalhadas.
- Sim, como o supervisor Samon sempre chamava ele! – lembra o presidiário 25.
- O que está acontecendo aí embaixo, Kenshirou? – a voz grossa do seu supervisor faz os residentes da cela 13 silenciarem de imediato.

O som de passos e uma sombra tremulante indicam que alguém está descendo os degraus lentamente. A tensão, e alguma curiosidade, consomem os rapazes, até aparecer um Hajime versão verde e completamente peluda. Aí eles começam a rir outra vez.

- HAJIME É O GRINCH! – Rock grita, agora apontando para o outro morador.
- QUE COISA MAIS RIDÍCULA! EU VOU MIJAR!
- NÃO UNO! VOCÊ NÃO ESTÁ USANDO CALÇAS! – Jyugo alerta enquanto se acaba de rir, apoiando-se no loiro conforme Nico se segura nele para não cair.
- QUEM É ESSE BANDO DE IMBECIS? – Hajime berra para Kenshirou.
- Não sei mestre. Eles invadiram a casa. Mas acho que essa rena é do Papai Noel, e o quebra-nozes só pode ter vindo do palácio.
- Muito bem, o que vocês querem na minha casa? Não viram os avisos na entrada?
- Aqueles de “cai fora”, “fim da trilha” e etc.? – o jovem de olhos bicolores pergunta – Pisamos nessas placas para limpar os pés.
- Hajime, precisamos de um livro que você guarda aqui, na sua casa. – esclarece o estadunidense de cabelo verde – O Musashi transformou a princesa e suas amigas nesses cisnes. – ele mostra as aves brancas se espalhando pelo cômodo.
- Ei, controlem esses bichos! Não quero sujeira na minha casa!
- Você ouviu o que o Nico acabou de dizer? – o inglês pergunta – Entrega logo o livro! Sabemos que está com você, o tal “Livro”... Alguma coisa “da floresta”.
- Que ousadia invadirem a casa do mestre para exigir que ele entregue seu bem mais valioso! Saiam agora mesmo, e levem esses bichos com vocês! – a revolta de Kenshirou termina aborrecendo os cisnes, que vão bicar o cachorro até seu dono afugentar as moças.
- Então era essa a intenção de vocês? – o supervisor do prédio 13 acaricia a cabeça do tristonho parceiro – Vir nos chantagear com essas aves, se é que são mulheres mesmo!
- Ah... – o prisioneiro 69 troca um olhar com os amigos e todos fazem um acordo mudo – É, isso mesmo! Parece que você percebeu, então passa logo o livro!
- Como são irritantes!... Eu não cedo tão fácil! – Hajime se interrompe ao ouvir um choramingado de Kenshirou, que tem sua cauda mordida por um dos cisnes – Droga...! Está bem, está bem! Eu vou buscar o maldito livro, então tirem esses bichos de perto do Kenshirou, criaturas abusadas! – ele diz, subindo novamente a escadaria do corredor.
- Olha só quem fala. – Uno torce o nariz, e quando finalmente o supervisor retorna, traz consigo um grosso livro verde e empoeirado.
- Pronto. – ele assopra a capa, fazendo alguns espirrarem, e vira algumas páginas – Disseram que esses cisnes são, na verdade, a princesa deste reino e suas amigas? – o grupo de jovens acena em confirmação, fazendo-o passar mais algumas folhas – Ah, aqui está. Pelo visto, isso realmente aconteceu. A data bate, e a sequência de acontecimentos...
- Dá para saber isso tudo mesmo? – Nico tenta espiar o conteúdo.
- É claro! – é o cão, supervisor do prédio 4, quem responde desta vez – Esse livro é mágico, e contém toda a história da Terra dos Contos; passado, presente ou futuro.
- Certo, e aí diz como fazemos para as garotas voltarem ao normal?
- Eu vou verificar; não me apresse, Vossa Chateza! – enquanto Hajime busca uma resposta, os demais riem do novo apelido de Jyugo – Achei! É simples: vocês só precisam pedir à rainha da neve para transforma-las ao que eram antes.
- Quer dizer, a dona da montanha? – Rock faz uma careta.
- Sim. – o supervisor do quarteto sorri diabolicamente, fechando o livro – Não deve ser problema para vocês, excerto que... Oh, que cabeça a minha! Vocês invadiram este lugar, e a minha casa! Então, boa sorte. – ele ri ao lado de Kenshirou.
- Não mesmo! Você vai com a gente! – Uno exige – Nós sabemos que essa rainha gosta de você, por algum motivo, portanto precisamos que peça para ela desfazer a...
- Nem pensar! Aquela mulher é assustadora! Ela nem é uma rainha de verdade, mas por morar sozinha em uma montanha e ser muito brava, todos começaram a chama-la de “rainha da neve”. – os presidiários se entreolham.
- Mas... Hajime, você mora sozinho em uma montanha, e é rabugento. – Jyugo fala, provocando mais uma careta na criatura verde – Olha aí, viu?! Não deve ser problema.
- Dois rabugentos se entendem. – o príncipe de cabelo verde sorri.
- Escutem aqui, eu não me importo com quem vocês são... – o olhar de Hajime vai ficando mais assustador, causando receio nos outros – Deem o fora da minha casa agora, ou eu juro que vou...! – o supervisor é interrompido por um arensado, e pela primeira vez, o preso 15 consegue distinguir Kazumi das demais aves, por seus olhos de pêssego.
- Eu... Acho que elas não gostam quando fica tão irritado. – sorri o jovem dos orbes heterocromáticos, e quando o dono da moradia abre a boca para revidar, ouve-se um novo arensar da prima da princesa, o que se repete por um tempo.
- Mas que coisa! Por que eu tenho que ser pressionado por vocês?
- Oh solitário Hajime, não seja tão rabugento. – uma voz inesperada preenche a sala de repente, e de uma luz vinda do teto, surge uma entidade translúcida e maquiada – Você precisa deixar seu rancor de lado e... AH! – o ser de aparência peculiar se interrompe ao fitar Hajime – Pelo amor de Deus, o que te aconteceu? Os anos foram cruéis contigo.
- Supervisor Kiji?! – a rena inglesa se apavora – Está voando! Você morreu?
- Bem, sim, mas já faz muito tempo. Agora estou trabalhando como o Fantasma do Natal Passado. Não lembro de ter lhe visitado. Nós nos conhecemos, rena estranha e feia?
- “Feia”?! Por que eu tenho que ser insultado por você até aqui?
- Mas o que está acontecendo? Quantas pessoas mais vão invadir a minha casa?!
- Ah sim, desculpe Hajime; eu me distraí por um momento e perdi o foco. É que eu fui chamado de última hora para fazer uma visita a uma criatura ranzinza, mas não sabia quem era. Fiquei um pouco chocado. – o irritado supervisor do prédio 13 cruza os braços e faz uma careta – Muito bem, então... Pode me chamar de Kiji. Sou o...
- É, já ouvimos quem é você. O que está fazendo na casa do mestre?
- Que cachorrinho mais nervoso! Eu vim mostrar ao Hajime sua vida no passado.
- Não preciso ver nada. Lembro muito bem como foi minha infância.
- Bom, mas eu não sei como ela foi, então, quem quiser assistir, acompanhe comigo. – Kiji balança a varinha branca em sua mão, formando uma esfera luminosa no ar, e logo quase todos estão sentados no chão para assistir ao show – Oh, pobrezinho. – o carcereiro do prédio 3 de Nanba faz um som estalado com a boca, em negação – Sem pais, com um irmão pequeno para cuidar... Seu irmão foi adotado por uma família boazinha, e você foi deixado de lado para viver sozinho nesta montanha. – ele pega um lenço do bolso e seca os olhos – Tendo como companhia apenas um cachorro tão azedo quanto ele. Tão triste... – o fantasma empresta o pano para os presos assoarem seus narizes.
- NÃO PRECISA NARRAR TUDO! TODOS ESTÃO VENDO!
- Então, Hajime, você ficou aborrecido com o Natal porque teve inveja dos outros? – questiona Jyugo, encarando a criatura verde – Por que não ficou com seu irmão?
- É. Não parecia que aquela família ia te recusar. Você é que preferiu não ficar lá. – Rock declara ao ver as imagens do passado, aparecendo diante dos seus olhos.
- Era uma família grande. Eu não queria que Hitoshi corresse o risco de passar fome, porque tinham mais duas bocas para alimentar, mas sabia que ele iria querer vir atrás de mim, então preferi viver longe da cidade. Aí encontrei Kenshirou, e não me custava deixar ele ficar. Assim, passamos a morar juntos. – ao fim da explicação, Hajime se surpreende, assim como Kenshirou, ao ver o público chorar ainda mais.
- Pobrezinho do Hajime! – Nico passa as mãos nos olhos – Passar o Natal sozinho!
- Acho que te julgamos mal. – Uno dá um sorriso triste – Sinto muito, camarada.
- PAREM DE SENTIR PENA DE MIM! EU NÃO PRECISO DISTO!
- Certo, certo. Ele não merece a delicadeza de ninguém! – outra voz conhecida surge repentinamente, logo atrás do cachorro – Esse gorila verde precisa ser menos insensível.
- E agora, quem é você? E a quem está chamando de “gorila”, seu macaco?!
- EU NÃO SOU UM “MACACO”, SUA BESTA! Sou Samon, o Fantasma do Natal Presente. – o supervisor do edifício 5 aponta para si – Eu vim mostrar...
- Deixa eu adivinhar: o presente dele? – o quebra-nozes ergue uma sobrancelha.
- Ah... É, pois é. Pensando bem, é bastante óbvio... Enfim, eu tenho uma lista aqui das coisas que você fez de ruim este ano! – Samon desenrola um pergaminho comprido.
- E você é o quê, Papai Noel? Vai me castigar com carvão por ter sido “malcriado”?
- Até que eu quero, quero muito agora; mas só posso prestar contas. Escutem: esse gorila verde é acusado de vários crimes natalinos! Você levou todos os enfeites da loja de decoração da cidade, e agora ninguém está podendo decorar suas casas!
- Ele já tinha encomendado os enfeites para decorar a casa da família que adotou o seu irmão. Eu tenho os recibos. – Kenshirou tira alguns papéis de dentro do seu chapéu.
- Ah... Tá, mas... E quanto a isto aqui?... “Roubo de presentes de um velhinho”! – o “macaco” fantasma lê no papel – Se defenda disto!
- Eu protesto! – o carcereiro do prédio 4 de Nanba levanta a pata – O mestre pegou de volta os presentes que esse falso velhinho estava roubando das casas! Era um ladrão!
- Como “ladrão”?! – Samon relê seu relatório com aborrecimento, porém, ao ver o cachorro abrir o Livro de Previsões da Floresta, e mostrar o ocorrido descrito nas páginas, ele se cala – É... Tudo bem, foi um engano. Mas e... Esperem aí! – o fantasma puxa a lista em mãos até o final – AHÁ, aqui está! “Multas por estacionar trenó em local proibido”.
- Isso é um crime de Natal? – o príncipe japonês ergue uma sobrancelha e cruza os braços – Agora acho que está apelando.
- Se não tem nada a esconder, ele também pode justificar isto! E aí? Pode explicar?
- Na verdade sim, com uma justificativa óbvia: eu não tenho trenó.
- COMO NÃO? E COMO EXPLICA ESSA RENA NA SUA CASA?
- Eu sou a rena do Papai Noel. Aparentemente... – o inglês troca um olhar com os amigos, que acenam em confirmação – Então... Se já acabou, podemos voltar ao assunto principal? Queremos a ajuda do Hajime para quebrar a maldição das garotas.
- E eu disse que não planejo ir falar com a rainha da neve em nome de vocês.
- RECONSIDERE! – alguém canta alto bem atrás de Hajime, assustando a todos.
- QUE IDEIA FOI ESSA? – o dono da casa berra em irritação – QUER QUE EU FIQUE SURDO? QUEM É VOCÊ, SEU MALUCO ROQUEIRO?
- Eu não sou um “roqueiro”, sou o... – a entidade nova no ambiente faz uma pausa dramática, fazendo várias luzes se agruparem sobre si e outras formarem uma frase em cima – FANTASMA DO NATAL FUTURO! – quando ele acaba a apresentação cantada em seu microfone, nota que o público continua quieto e desfaz a sua pose de ídolo – Mas podem me chamar de Mitsuru. Que público difícil... Eu vim...
- Me mostrar meu futuro. Ok, ok... Nossa, se eu soubesse que ia ter tanta gente me visitando de surpresa hoje, teria instalado antes aquele sistema de segurança que planejei!
- Se tivesse instalado, teríamos passado por ele de qualquer jeito.
- O Jyugo tem razão! Ficamos muito bons nisso! – Rock dá uma risada.
- Vocês são estranhos. – Mitsuru prossegue – Eu só vim recomendar que aceite a missão, Hajime. Você terá boas surpresas, que farão o Natal melhorar nos próximos anos.
- Nós te deixaremos em paz depois. A menos que esteja com medo. – Uno provoca.
- Eu vou mostrar quem é medroso! – Hajime tira dois cachecóis de um cabideiro ali perto, colocando um nele e o outro em Kenshirou – Pois nós vamos subir esta montanha!

Continua...

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