A Dona do Pedaço

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Cap. 1

1: Esta fanfic contém spoilers do anime/mangá e do filme Phantom Rouge. Ela é uma continuação alternativa que se passa após a saga de York Shin.

2: Katrina, Kelly, Gene, Liana, o grupo Sedie Havre, a tribo Karita e as famílias Nikoro e Dilatam são de minha autoria.

3: Os títulos dos capítulos são nomes de livros, histórias curtas ou poesias. Vale a pena pesquisar!

Cap. 1
Garoto Encontra Garota


A Rua das Rosas é famosa por seu condomínio luxuoso, com muitas casinhas iguais que se iluminam quando bate a luz do sol. E embora elas sejam parecidas, nenhuma tem a mesma cor, a mesma caixa do correio, ou um morador tão jovem quanto aquela no fim da estrada pavimentada, virando à esquerda. Uma cerca-viva pequena cobre a área e protege o jardim de rosas, e apenas o canteiro de rosas mais lindas de todo condomínio, de qualquer um que se atreva a machuca-las.

A casa é amarela, mas o telhado é branco e as janelas pintadas de verde. A porta de madeira, também branca, tem um sinal de rosa vermelha e o tapete na entrada dá as boas-vindas para que os visitantes se sintam em seu lar. As paredes internas são de um azul claro, mas o quarto da sua moradora é enfeitado com papéis de parede de sombras, sombras de borboletas guardando a beleza e a inocência da dona de uma escova carmesim sobre a penteadeira envernizada.

E falando nela, lá está a bela loira residente do 202, Katrina Karita, a mais desejada solteira dos puros olhos azuis, saindo para regar seu jardim. O vento bate sobre seus longos cabelos e seu vestido rosa de algodão com busto azul, trazendo um sorriso ao macio rosto de bochechas rosadas. A pele alva é banhada pela luz do sol e os pés pequenos protegidos por finas sandálias caminham ao regador em cima da mesinha perto da janela direita. Lentamente, ela se curva e molha as rosas.

As mangas caídas dão mais graça à moça na casa dos 19 e o laço azul-petróleo cai delicado à frente. O pequeno chapéu rosado tem outro laço, grande e branco, e suas compridas fitas prendem nos cabelos da jovem às vezes. A gargantilha preta com o pingente verde em y, como sempre, está no seu pescoço. É o pequeno presente que o seu primo lhe deu antes de se despedirem na cidade de York. E é indispensável comentar agora: o rapaz tem um enorme apresso por Katrina.

Mas por enquanto isso não é o mais importante. O loiro atravessando os ladrilhos de pedras amarelas pela esquerda é quem nos interessa. Sua camisa de moletom preta e a calça jeans azul se encaixam com o clima frio do céu nublado de sábado na Rua das Rosas. Na sua mão direita um pequeno papel branco com um endereço. Ele olha para os lados e finalmente para de frente a casa 202, tirando a mão esquerda do bolso. Vasculha os arredores esticando o pescoço além do portão.

- Olá? – a voz mansa soa no jardim – Tem alguém em casa?
- Sim. – responde a moradora ao levantar – Estou aqui.

E de repente as próximas palavras planejadas pelo estranho loiro se comprimem com força na garganta, sendo esquecidas. Seu peito começa a chamuscar, gelando sua mente e provocando um nó no estômago que ele duvida ser de fome. Esta não é uma situação normal, afinal a dama a alguns passos de si parece perfeitamente simples, mas ainda assim nada comum. E, para Katrina, as mesmas reações ao olhar aquele estranho homem se assemelham com doces histórias de livros.

- Você... – ele tenta mais uma vez – É a moradora daqui?
- Sim, sou Katrina. – ela abandona o regador onde estava e se aproxima do portão branco.
- Eu sou Korapaika. É um prazer. – ambos sorriem – Vim do estrangeiro e cheguei ontem à cidade. Meu amigo, Leório, é casado com uma amiga sua, eu creio. Seu nome é Liana.
- Oh sim! Leório. Há quanto tempo não o vejo... Como está?
- Bem. Começou a exercer medicina na Capital. – ele se desconcerta com o sorriso da jovem – Bom, é... Eu trabalhei como guarda-costas do milionário Nostrad, em York Shin, mas me demiti já faz um mês. – as pupilas dela dilatam – Decidi morar no interior por um tempo, para ver o desfile de primavera antes de retornar à cidade. A Liana me garantiu que você me receberia em sua casa, contudo, pelo visto, não parece estar sabendo de algo.
- Ah, bem na certa ela deve ter me passado um e-mail, mas não costumo usar o computador.
- Não usa? Meu Deus! Este é o interior do interior?!
- Oh não! Sou eu quem despensa a maior parte da tecnologia. Mas meu fogão não é a lenha! – a brincadeira desperta um sorriso sincero no rosto dele.
- Você é engraçada. – Katrina engole por um momento, parecendo estranhar esse clima.
- Obrigada. – pausa para mover uma mecha do cabelo atrás da orelha direita – Bem, eu não me importo de modo algum em deixar que fique. Confesso que fiquei surpresa quando falou sobre seu antigo trabalho, afinal o senhor Light Nostrad é o chefe de uma poderosa família mafiosa.
- Isso apenas por causa da sua filha, e ainda assim são submissos à família Ritz.
- Tudo bem. – ela ri – É até bom saber que sou a organizadora do nosso desfile de primavera.
- Verdade? Ora, então bati na porta certa. – ela dá uma risadinha meiga.
- Um amigo da minha amiga é bem-vindo em minha casa. Por favor, entre.

O recém-conhecido Korapaika aceita o convite e passa pelo portão quando ela abre. Os dois entram na casa, deslizando os sapatos no belo tapete de boas-vindas ornado, mas nada igual ao de Naim azul, branco e preto estendido no chão da sala para apoiar a mesinha de vidro central. Cada enfeite da casa se parece com uma peça artesanal feita a mão com muito carinho, portanto únicas, e ele não pode deixar de notar isso. Katrina o guia até o sofá cor de pele e oferece um café ou chá.

Enquanto ela está na cozinha, o loiro aproveita a chance para vasculhar sua extensa coleção de livros na estante do canto. A residência quase parece uma biblioteca, pois há um amontoado de livros em cada cômodo. A varanda dos fundos é apenas na grama, com cadeiras e uma longa mesa de madeira encostadas que parecem de piquenique perto da cerca-viva, protegidas pelo guarda-sol no meio. Korapaika abre a porta de vidro corrediça e pisa no mato fofo e capinado de pés descalços.

Katrina volta da cozinha carregando uma pequena bandeja com duas xícaras de chá e umas porções de bolinhos doces comprados no dia anterior, e não consegue ignorar a curiosidade ao ver o convidado de pé em seu quintal, com o rosto voltado para cima e de olhos fechados. Ela deixa os quitutes na mesinha e se aproxima silenciosamente, observando-o remexer as mãos nos bolsos do moletom. Seu jeans surrado, neste momento, é a única prova da sua vida na cidade grande.

- Está gostando do clima frio? – ele desperta um pouco assustado, como se tivesse sido pego na cena do crime – Estamos no fim da primavera. Em setembro é ótimo sentir o vento.
- Sim. – Korapaika sorri e volta o olhar para cima novamente, recebendo o exclusivo raio de luz do fim da manhã – Faz muito tempo que não sinto a grama debaixo dos pés. Era sempre puro concreto. – inevitavelmente, o olhar dela recai sobre os dedos dele, se dobrando em prazer – A sua casa é muito bonita. – eles voltam a se encarar – Tem peças clássicas realmente fascinantes. Seria um deleite para os olhos de qualquer negociante de arte. Você é colecionadora?
- Bem, eu tenho apresso pelas culturas de povos antigos e respeito às crenças encontradas a cada peça artesanal. É fantástico! Mas não sou uma frequentadora de leilões.
- Graças a Deus! – ela sorri curiosa e ele corresponde com uma risada – É que passei tantos anos participando de leilões por causa do meu trabalho... Agora quero apenas descansar.
- Está no lugar certo. O condomínio Beija-flor é o lugar mais calmo do interior.
- Já percebi. Não sei bem se foram minhas roupas, mas quando cheguei as suas vizinhas me olharam com estranheza. E quase todas são morenas, então achei que fosse pelo meu cabelo.
- Ah sim, sei como é. Os vizinhos são um tanto curiosos com pessoas novas no condomínio. Passei a mesma coisa quando me mudei. Felizmente todos já se acostumaram comigo. Não prefere sentar-se na sala? Trouxe alguns bolinhos com chá. Mas não tenho certeza se prefere café...
- Ah claro! Desculpe. Chá está bom. – ela o guia para o sofá, sentando na poltrona ao lado e servindo aos dois enquanto ignora o sutil olhar curioso do rapaz sobre si.
- Então Korapaika, diga-me, como foi de viagem?
- O melhor é que já acabou. Passei um perrengue com as malas no aeroporto e precisei pedir a um amigo que cuidasse de trazê-las aqui. Tive de vir na frente para achar sua casa.
- O condomínio não é difícil de localizar, mas um conjunto de casas semelhantes confunde.
- Apenas a estrutura é parecida, porque as cores e os detalhes são exclusivos.
- Justamente porque cada morador é exclusivo. Mas quem é seu amigo que trará as malas?
- Ele pode chamar mais atenção do que eu. Tem uma aparência um tanto incomum.
- É um morador das proximidades? A cidade mais perto fica a, pelo menos, dez quilômetros do condomínio. Nós somos um tanto reclusos do resto do mundo.
- Senritsu veio de York Shin junto comigo. Trabalhávamos juntos e ele se despois a passar o nosso tempo de descanso, até o começo do inverno, ao meu lado até seguirmos o próximo passo.
- E qual seria? – ela toma um gole de chá e observa em silêncio a reflexão dele.
- Voltando para York Shin o primeiro passo é comparecer ao leilão e depois veremos.
- E por que querem ver este leilão? Pelo que sei é o maior e mais famoso do mundo, mas ele ocorre todo ano. Vão participar? – Korapaika nega com a cabeça.
- Vamos apenas conferir algumas peças. Temos dinheiro suficiente agora para dar um lance se encontrarmos o que estamos procurando. – Katrina tem uma súbita vontade de perguntar qual seria a arte capaz de chamar sua atenção, mas se contem.
- Bem... Seu amigo vem morar aqui também? – ele dá um risinho.
- Não seria tão abusivo da sua boa hospitalidade e da gentileza de Liana em me encaminhar para você. – ela sorri envergonhada – Senritsu também não. Ele vai passar essas seis semanas na cidade e virá me visitar às vezes. Embora sejamos amigos, não somos tão próximos assim.
- Entendo. – os dois passam um curto momento comendo os bolinhos até o jovem achar com os olhos um interessante retrato de Katrina cercada de pessoas parecidas com ela.
- Que foto é essa? – a moça se dobra para olhar a bancada que sustenta a televisão.
- Ah, é na minha tribo. – o rapaz de repente se levanta e ela o segue – Eu sou a descendente primogênita do clã Karita, que vive nas margens de um rio na Ilha Rosa Cercante, aquela reserva ambiental. Liana deve ter mencionado algo. É perto da Ilha da Baleia. Você conhece? – Korapaika nega com a cabeça, alisando o retrato com olhos petrificados sem perceber.
- Nunca fui lá, mas tenho um amigo que mora na ilha.
- Algum problema? Parece nervoso. – ele limpa o suor da testa e se afasta da fotografia.
- Não é nada! É que... – o som de uma buzina desvia sua atenção e os dois saem – Senritsu.
- Olá Korapaika. – o baixinho quase careca e de poucos dentes desce do táxi e o loiro o ajuda a retirar as malas do bagageiro para o motorista ir embora – Esta é uma casa realmente adorável. E eu presumo que a senhorita seja a moradora. – a loira abre um grande sorriso.
- Eu mesma. Sou Katrina. – ele retira o chapéu em cumprimento.
- Sou Senritsu, amigo do Korapaika. – os dois trocam um olhar e deixam a moça confusa – É um prazer conhece-la. – o homenzinho beija a mão dela.
- Obrigada. Por favor, sinta-se a vontade. Vou preparar mais alguns bolinhos.
- Eu fico grato. – ela entra antes e os outros voltam a se entreolhar – Ela é mesmo linda.
- Eu sei. – o loiro suspira – Como prima do Kenan, as coisas podem ficar complicadas.
- Mas afinal foi ele mesmo que nos pediu para tomar conta da jovem senhorita.

- Ela é gentil demais. Com certeza deve ser muito inocente também. – Korapaika ri – Era o maior medo dele, essa falta de malícia... Então, vamos entrar? Ficará surpreso com as esculturas.

Continua...

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